Review | Master Detective Archives: RAIN CODE

Desenvolvedora: Spike Chunsoft
Publicadora: Spike Chunsoft
Data de lançamento: 30 de junho, 2023
Preço: R$ 303,90
Formato: Digital/Físico

Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela Spike Chunsoft.

Revisão: Lucas Barreto

Master Detective Archives: RAIN CODE é o mais novo jogo de aventura investigativa da Spike Chunsoft. Tendo Kazutaka Kodaka, o criador da bem-sucedida franquia ‘Danganronpa’, como a mente por trás desta nova experiência, o jogo é o sucessor espiritual que os fãs podiam sonhar.

Com bastante influência do irmão mais velho em todos os aspectos, RAIN CODE tenta preencher uma lacuna deixada na indústria dos videogames após o fim da trilogia original de Danganronpa — que concluiu as atividades da franquia, pelo menos por enquanto.

RAIN CODE por sua vez, embora consiga se comunicar muito bem com os veteranos de Danganronpa, também consegue receber confortavelmente novatos e acho esse um dos principais pontos fortes dele: trazer novos jogadores para a já bem estabelecida jogabilidade de resolução de mistério da franquia.

Sem mais comparações vamos falar o que torna esses jogos tão especiais, e o porquê de Master Detective Archives: RAIN CODE ser uma entrada única.

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Uma desconstrução da própria franquia, Danganronpa V3: Killing Harmony é um grande comentário sobre a obsessão de franquias e sequências da indústria atual.

A trama que nos move

Master Detective se passa majoritariamente dentro da cidade de Kanai Ward, uma ambientação bastante Cyberpunk diga-se de passagem. Kanai Ward é uma cidade remota e futurista onde chove o tempo todo, e a influência do governo mundial não tem efeito. Lá quem manda é a corporação Amaterasu, uma clássica “Mega-Corp” desse gênero de história.

Nosso protagonista, Yuma Kokohead, é um detetive da maior agência de detetives do mundo: a WDO, World Detective Organization, uma organização autônoma e extra oficial que reúne detetives com habilidades especiais apelidadas de “Forensic Fortes”, mas comumente referenciadas como apenas Forte.

Essas habilidades são bastante variadas, mas todas ajudam de alguma forma na resolução de mistérios. A título de exemplo, um dos personagens tem audição super aguçada enquanto se concentra, enquanto outro consegue visualizar a cena de um crime no momento em que ela foi descoberta desde que esteja no local, mesmo que meses depois. As habilidades variam de plausíveis para completamente sobrenaturais, mas isso não é algo que me incomodou, o absurdo sempre fez parte dos jogos desenvolvidos por esse time e não soa estranho por aqui.

A missão de um detetive

Yuma, nosso detetive, começa a aventura sem memória e logo descobre que isso é resultado de um pacto que fez com um deus da morte, um shinigami, que garantiu diversas habilidades especiais a ele em troca de suas lembranças.

O objetivo central do jogo, o motivo pelo qual Yuma foi enviado a Kanai Ward, é para descobrir o grande segredo da cidade e da Amaterasu corporation. Já que detetives não são bem vindos na cidade, a missão é bastante perigosa e difícil, mas é missão de um detetive da WPO resolver todos os mistérios não resolvidos do mundo. Isso é feito em paralelo com o próprio mistério do protagonista, o garoto que não lembra nada de si, ou do porque fez o acordo, não sabendo nem mesmo o motivo e ter se tornado detetive.

Bem, aqui acho que é impossível não comparar com danganronpa de alguma forma, e daí nasce minha maior crítica ao jogo. Enquanto em Danganronpa o grande mistério do awake na escola de super colegiais me pegou desde o primeiro momento, e serviu como um fio condutor para a história, o mistério de Kanai Ward, independente do resultado, interessou-me muito pouco ao longo da história.

Veja bem, Kanai Ward é uma cidade Cyberpunk, controlada por uma organização visivelmente corrupta e desprezível, nenhum segredo que ela guarde ou atitude que tome pode me surpreender tanto assim, seja matar pessoas, experiências bizarras ou conspirações políticas. Eu não fiquei tão intrigado pois não conseguia conceber o que essa história enquanto mistério poderia me entregar.

Ainda assim, acho que Master Detective Archives: Rain Code consegue compensar com outras coisas, os mistérios individuais são interessantes, já que resolvemos um grande crime por capítulo, e a cidade de Kanai Ward é sim bastante charmosa e peculiar, e a própria história pessoal de Yuma funciona até certo ponto como fio condutor da história. E claro, um dos grandes fortes da franquia danganronpa que se repete aqui são seus personagens.

Agentes da WDO

Os personagens de Master Detective Archives: Rain Code operam da mesma forma que os da franquia Danganronpa, sendo ao mesmo tempo uma exageração, uma homenagem e uma sátira aos estereótipos da cultura Otaku. Considero isso uma qualidade e uma demonstração da capacidade dos desenvolvedores de conhecer e conversar com seu público.

Mas apesar disso eles são personagens que se apoiam em seu carisma acima de tudo, muito mais do que em arcos de desenvolvimento ou profundidade de lore, valendo-se na densidade desse condensado de referências e na ideia de ser um símbolo que representa uma ideia acima de um ser humano. Isso pode ou não funcionar para cada jogador, mas se você é veterano de Danganronpa ou bastante versado em cultura Otaku provavelmente vai se sair bem nessa interação.

O jogo também trabalha bem a relação da personalidade com o Forte do detetive, e consegue trabalhar em cima da expectativa do jogador de descobrir o Forte de cada personagem. Acho que o personagem que mais deixa isso tudo claro é nossa principal parceira, a Shinigami.

Otakus modernos e a evolução do gênero

Se de certa forma temos ao longo dos jogos anteriores desse time a encarnação de diversos estereótipos de “waifu” da cultura pop nipônica, aqui a Shinigami está para representar um forte tropo moderno do romance, o “teasing”.

Com diversas obras como “Karakai Jozu no Takagi-san” e “Ijiranaide, Nagatoro-san” em alta, os produtores de Master Detective Archives: RAIN CODE se modernizaram colocando essa dinâmica moderna de romcom na dupla de protagonistas Shinigami e Yuma.

Não que o jogo seja um romance, mas é na dinâmica que se apoia, o tímido e puro Yuma interagindo constantemente com a provocativa e caótica shinigami que provoca constantemente o rapaz.

Eu não sou exatamente fã desse tipo de história, mas embora eu veja com clareza esse tropo aqui ele é tão exagerado pela parte da personagem da shinigami que soa mais como uma paródia. Ainda assim a Shinigami é uma personagem muito interessante por tudo que ela trás para o jogo, o pacto entre ela e o Yuma permite acesso ao jogador ao Mistery Labyrinth, as dungeons do jogo onde mistérios são solucionados.

Durante o Mystery Labyrinth temos diversas brincadeiras visuais protagonizadas pela Shinigami, transformação de garota mágica, golpes hiper exagerados com foice, poses eróticas em cenários de praia e transformação em gigante que come pessoas e destrói muralhas são algumas das variações de gags visuais que temos com a personagem.

Por fim acho a presença da Shinigami divertida, o que é muito bom tendo em vista que passamos o jogo inteiro interagindo com a personagem.

Mystery Labyrinth

O jogo possui diferentes mini games na resolução dos casos, como eram em Danganronpa, e o Mystery Labyrinth toma o lugar do clássico Class Trial.

O mini game principal consiste em desviar de alegações e cortar a contradição usando a lâmina que contém a prova da contradição, mais ou menos como era o Rebutal Showdown nos jogos anteriores, escolhas respostas simples, o jogo de forca, e a reconstituição do caso são exemplos de mini games que podem ser encontrados aqui.

Assim como podemos desbloquear habilidades em Danganronpa, aqui temos uma árvore de talentos, que dá liberdade ao jogador de escolher e equipar melhorias de acordo com seu nível. O nível, por sua vez, pode aumentar investigando o máximo de objetos do cenário possível.

No geral o jogo não tem dificuldade tão elevada, mas necessita lógica em diversas situações. Ainda assim, caso você tenha experiência em jogos como Danganronpa, Ace Attorney ou até literatura de mistério, o jogo não deve apresentar grandes desafios no geral. Mas eu não considero isso um grande problema, é algo que deriva da coesão dos casos apresentados, e o destrinchar e solucionar o caso ainda é bastante prazeroso.

Os grandes mistérios do mundo

Master Detective Archives: RAIN CODE não possui seções de “visual novel”, falando de forma mais genérica, como seu antecessor. Ele é completamente 3D, e permite que o jogador explore livremente Kanai Ward, isso é uma amostra do salto de sua ambição em relação aos outros jogos desse time.

O jogo ainda possui bastante conteúdo, incluindo Side-Quests, colecionáveis e cenas extras com os personagens do jogo. E embora isso estenda o jogo artificialmente, o que não é exatamente ideal, é tudo 100% opcional e não interfere na história principal, então é uma boa pedida para quem quiser conhecer melhor a charmosa Kanai Ward e o Casting dessa história.

Sendo uma aventura instigante e divertida que conversa muito com os entusiastas da cultura otaku, Master Detective Archives: RAIN CODE é com certeza algo que eu recomendo para todos os interessados.

Sendo eu um fã assíduo de Danganronpa, que acha que a franquia só cresceu desde seu primeiro jogo, falo com tranquilidade que Master Detective Archives: Rain Code carrega esse legado com tranquilidade.

Prós

  • Conversa muito com a cultura Otaku;
  • Apresenta mistérios instigantes;
  • Gameplay divertida.

Contras

  • Mistério principal instiga pouco durante a aventura;
  • Cast se apoia muito em seu carisma podendo gerar antipatia em quem não se afeiçõa por eles.
  • Experiência nichada o torna restritivo.

Nota:

9

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