Review | MARS 2120

Desenvolvedora: QUByte Interactive
Publicadora: QUByte Interactive
Gênero: Metroidvania
Data de lançamento: 01 de Agosto, 2024
Preço: R$ 59,99
Formato: Digital

Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela QUByte Interactive.

Revisão: Marcos Vinícius

Com uma grande inspiração na série Metroid, MARS 2120 chega com a proposta de homenagear de maneira carinhosa a tão aclamada franquia da Nintendo que, junto com Castlevania, dão nome a um gênero de games inteiro, o qual se populariza cada vez mais dentre os jogos independentes lançados anualmente, muitas vezes mais esperados que muitos AAA, como Hollow Knight Silksong, por exemplo.

Conseguiu o novo Metroidvania da QUByte Interactive entregar uma experiência digna nesta tão disputada arena pela atenção, com tantos concorrentes saindo a todo momento?

Uma introdução livre

Sem muitas delongas, MARS 2120 te introduz no ambiente de gameplay sem no mínimo uma cutscene, apenas lhe fazendo descobrir o início por si próprio, o que irá agradar uns e desagradar outros, variando de gosto pessoal. Ao explorar um pouco o local, é iniciada uma perseguição à la Metroid Dread que ao ser finalizada, somos incentivados a seguir nosso rumo da maneira que acharmos mais intuitivo, como por padrão.

Após este pequeno gosto do que MARS 2120 quer entregar, iniciamos nossa jornada na colônia de marte, a qual vamos descobrindo a lore local aos poucos, com pequenos trechos da história espalhados por onde andamos, contando tudo o que aconteceu ali, entregando pequenos trechos de um mistério maior, mesmo este aspecto sendo extremamente secundário no panorama geral do que o jogo prioriza.

Uma grande inspiração em Metroid

Desde seu trailer, é nítido o quanto MARS 2120 bebe da fonte da série de Samus Aran ,de maneira completamente intencional; Não apenas no gênero, mas também em muitas questões, inúmeras, dentre estas: O design da personagem, a forma como luta, alguns monstros, a ambientação espacial, incluindo até mesmo a forma como se abrem as portas para mudar de área; como dito anteriormente: inúmeros.

Enquanto jogava, um sentimento ambíguo sobre esta homenagem ia crescendo dentro de mim: De um lado, sentia que apesar de tanta semelhança, muitas ideias originais não se o configurariam em algo completamente igual ao que Metroid sempre ofereceu. Por outro, com tanta similitude, desde o que foi citado acima e até mesmo outras questões presentes neste produto em sua concepção e execução, uma indecisão crescia em meu peito, sobre onde se traça a linha tênue entre uma homenagem ou algo completamente parecido com sua inspiração, discussão com muitas nuances as quais não é possível elaborar completamente nesta review.

O ponto principal disto é: Colocando em perspectiva, MARS 2120 possui sim sua própria essência com ideias próprias no combate que o diferenciam e até mesmo o tornam mais complexo mecanicamente ao se comparar à série da Nintendo, porém, há momentos em que o game te passa uma vaga sensação de que estas semelhanças o limitam de atingir seu ápice por ser tão presente em todo lugar. É completamente injusto desmerecer o que MARS 2120 acerta levando em conta o tanto de indie games que reproduzem a essência de gêneros famosos, desde vários Monster-Taming que saem constantemente trazendo o charme da era linear de Pokémon como Nexomon, constantes jogos de Souls, afinal: Todo jogo obscuro com gameplay à la FromSoftware não possui identidade própria?

Na perspectiva do reviewer que vos escreve, um exemplo muito bom de uma homenagem que faz isto com uma essência separada é Another Crab’s Treasure, onde tudo no game se refere à Souls por si só, apenas com sua própria identidade. Acredito que MARS 2120, ao mesmo tempo que faz uma ótima homenagem ao que Metroid faz de melhor e até expande as possibilidades de gameplay com sua identidade, outros aspectos gerais do game são tão parecidos, que lembram Metroid muito mais do que o necessário. Apesar do que disse acima, não se engane, este jogo tem um potencial oculto e acerta em muita coisa, sua similaridade não o torna um jogo mal feito, longe disso.

Um enorme potencial

Afinal, quando falei que o game possui um grande potencial, porque utilizei da palavra “oculto”? Expliquemos! Mesmo com a crítica que fiz anteriormente, MARS 2120, após um período de adaptação ao iniciar a jogatina, conseguiu me divertir e muito apesar do ambíguo sentimento que me gerou.

Sobre o aspecto deste potencial, acredito que foi este período que levei para me afeiçoar ao jogo e o que senti após isto que digo, pois não me refiro à complexidade de gameplay, afinal, como todo Metroidvania, o princípio se trata de algo simples, uma gameplay de plataforma com áreas e poderes usados na exploração e combate que se adquire ao longo de seu progresso. O que me refiro á outra coisa: Game Feeling.

Minha linha de raciocínio se baseia especificamente no combate, onde mesmo parecido com que sua inspiração oferece, consegue ser muito mais divertido e faz com que Mars  capriche muito mais em sua execução, sendo muito mais dinâmico e expansivo. Sim, a forma como nossa personagem atira lembra Samus, além de sua cambalhota a qual ao mesmo tempo que referencia o ato de se encapsular em esfera para rolar, consegue tornar a luta algo um pouco mais frenético, sem contar que funciona muito bem com batalhas corpo-a-corpo e elementos com suas devidas fraquezas, funcionando melhor contra monstros de diversas áreas, colocando uma pequena camada de complexidade na dinamicidade imposta ao modo que o usuário interage com os inimigos e o ambiente.

O único problema, é que esta opinião emitida acima se encaixa após me habituar ao às lutas, com minha impressão inicial sendo a de que os controles e a movimentação se mostravam “duros” e necessitando um pouco mais de refinamento, nada que estrague a experiência Apesar disto, quando me habituei  – após os primeiros 30 minutos – consegui sentir um grande prazer no mesmo. Ao mesmo tempo que este se faz o ponto mais forte de Mars 2120, Possivelmente seria ainda melhor e mais prazeroso se me causasse este impacto logo de cara, sem a necessidade de levar tanto tempo para me adaptar.

Com um grande acerto, batalhar contra inimigos se mostra muito bem feito em MARS 2120, com podendo ser ainda mais divertido com sua devida sensação de impacto.

Sistema de elementos: Uma ideia bem executada

Como todo Metroidvania, há poderes a serem adquiridos para que o jogador consiga explorar áreas novas e, MARS 2120, não há de quebrar este padrão pré-estabelecido de seu gênero, com tal se fazendo presente no game.

Isto se dá por um bem implementado sistema de elementos que interagem com todos os aspectos do game, desde o combate até a exploração, com uma ligação muito concisa. Cada um destes possui um aspecto próprio que, além de útil na exploração de certas áreas, trabalha muito bem  com o resto ao usar em áreas antiga com monstros fracos ao novo poder adquirido, além dos atributos e usabilidade que cada poder criado foi pensado para ser usado.

Gelo, além de conseguiu derrotar inimigos das áreas vulcânicas, possui um design para situações mais defensivas,  o raio que possui um aspecto mais focado em velocidade com dashes e tudo mais, assim como relâmpagos na vida real, e assim seguem os exemplos.

O manuseamento de seu uso(principalmente diante de inimigos) oferece uma camada de complexidade a mais às batalhas, colocando um pequeno elemento que te faz pensar no que fazer em meio a uma gameplay que exige uma rapidez considerável, levando em conta que há inimigos imunes a certos elementos, te obrigando a se adaptar.

Mudar estes após passar dos dois adquiridos é um pouco difícil de acertar em um momento frenético por apertar L e R e não dar muito tempo de olhar na HUD para saber qual dos botões apertar para aquela ocasião, o que faz ocorrer de ser algo feito de maneira um pouco aleatória. Não considero isto um aspecto que tira os méritos do game da QUByte, apenas um pequeno empecilho. Apesar disto, esta mecânica de MARS 2120 encaixa como uma adição muito bem-vinda ao jogo.

Nem tudo são flores

Após um passeio pelas características mornas e fortes deste Metroidvania tupiniquim, há problemas que podem ser extremamente desanimadores, principalmente na parte técnica.

O primeiro e, de longe, o pior deles: Constantes crashes no jogo, principalmente em momentos que exigem maior processamento por parte do Nintendo Switch. Houve momentos em que o jogo exigia que eu fosse rápido em uma fuga e, constantemente, perdia meu progresso devido ao game fechar sozinho, o que, por óbvio, criou uma experiência consideravelmente frustrante.

Além disto, as telas de carregamento costumam demorar bastante, com pequenas travadas na trilha sonora, algo que me deixou preocupado inicialmente com a otimização. Acredito que estes problemas técnicos devam ser corrigidos em pouco tempo, além de que, não é possível que eu responda se estes problemas se fazem exclusivos na plataforma da Big N ou hão de ocorrer em todas.

Conclusão

Com um sentimento misto sobre suas semelhanças tão específicas com Metroid, MARS 2120 consegue homenagear suar inspiração apesar de sentir em alguns aspectos, isto a limita de ser mais do que é.

Com um combate interessante e cheio de ideias boas, o Metroidvania da QUByte consegue brilhar e ser dinâmico, apenas necessitando de um pouco de polimento para atingir o ápice de seu potencial. Um sistema de elementos que interage muito bem com os outros aspectos de seu mundo, tendo diversos usos situacionais, não se limitando à fraqueza e resistência dos oponentes, alternando entre momentos dinâmicos e lentos para se uso.

Com alguns problemas técnicos, a experiência acaba por ser frustrante para o jogador em alguns momentos, apesar de não estragá-la por completo. Apesar dos pesares, MARS 2120 cumpre bem seu papel em proporcionar um jogo de seu gênero de maneira divertida e consistente. Mesmo proporcionando uma ótima aventura, o jogo da QUByte não se destaca em meio à tantos jogos de seu gênero, oferecendo uma experiência morna em diversos aspectos ao se colocar em perspectiva.

Acredito que o game consegue entregar uma diversão considerável para órfãos dos raros lançamentos da série Metroid Clássica e, um jogador que busca uma curta e divertida jornada que expande as raízes do gênero que a série da Nintendo ajudou a estabelecer na indústria. Boa parte de seus problemas hão de ir embora após devida otimização técnica, assim, permitindo que este game brasileiro brilhe no que faz de melhor, apesar de suas falhas.

Prós:

  • Bom level design;
  • Sistema de elementos;
  • Combate interessante.

Contras:

  • Faltam pequenos refinamentos necessários na gameplay;
  • Longas telas de carregamento;
  • Crashes constantes.

Nota:

7,5

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