Desenvolvedora: ACQUIRE
Publicadora: PQube
Gênero: RPG Dungeon Crawler
Data de lançamento: 26 de abril, 2024
Preço: R$ 98,51
Formato: Físico/Digital
Análise feita no Nintendo Switch com chave fornecida gentilmente pela PQube.
Revisão: Davi Dumont Farace
Como comentei na análise de Class of Heroes: Anniversary Edition, os dungeon RPGs do PSP agora estão disponíveis no Switch em inglês graças à parceria entre a Acquire e a PQube. Class of Heroes 2G: Remaster Edition mantém a estrutura pensada em torno do apelo hardcore do gênero, mas as coisas não são exatamente como o seu antecessor por algumas mudanças chave.
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Personagens, times e formações

A primeira etapa de Class of Heroes 2G é a criação de personagens, definindo nome, gênero, raça, alinhamento e o “curso” (classe) de que eles fazem parte. Há personagens já preparados se o jogador quiser um teste sem complicações, mas essa liberdade é fundamental para podermos explorar a fundo os sistemas do jogo.
A raça define os parâmetros e podemos alocar um valor bônus retirado na sorte para fortalecer os personagens. As nossas escolhas permitem desbloquear classes variadas, cada uma com suas especialidades, vantagens e desvantagens. Formar uma equipe equilibrada é uma das tarefas mais importantes do jogo, já que os nossos seis personagens precisam ser úteis para combate, exploração e manter a equipe viva.
Já nesse ponto temos diferenças significativas em relação ao jogo anterior. Primeiramente, vamos para as más notícias: ao contrário da nova edição do primeiro título, o remaster de 2G não indica os requerimentos das classes no menu de criação. Sem isso, temos que dar um tiro no escuro, já que as condições não são nada triviais. Outro ponto negativo é que ainda temos o bônus com um range largo que pode inutilizar personagens criados se o jogador tiver azar e não se atentar a esse detalhe.

Porém, o lado bom é que Class of Heroes 2 conta com um rebalanceamento das classes e as opções presentes aqui tendem a ser mais equilibradas. Temos menos opções no início e é necessário ir às outras instituições de ensino para liberar certas classes. A classe Mage, por exemplo, tem uma ótima diversidade de habilidades desde o início e o seu arsenal só melhora com o tempo.
Junta-se a isso o fato de que conseguir dinheiro e progresso no jogo é muito mais fácil do que no primeiro, o que faz com que a exploração inicial seja mais convidativa a novos jogadores. Ainda é um tipo de jogo que incentiva grinding caso o jogador queira ter uma experiência mais tranquila, mas é muito mais fácil se sentir confortável com a experiência.
Hora do dever de casa

Uma vez terminada a nossa equipe com, preferencialmente, um grupo equilibrado de seis heróis poderosos, é hora de fazer quests e explorar o labirinto. A lógica de gameplay é a mesma do anterior: pegamos missões novas na biblioteca, conversamos com os nossos colegas e professores e partimos em busca de itens e inimigos específicos para concluir as tarefas.
As missões contam com uma etapa de briefing, um diálogo com os responsáveis, a possibilidade de conversar novamente com o solicitante para relembrar o que se deve fazer e a fala de entrega ao final. Em alguns casos, as tarefas podem se tornar recorrentes em vez de ter uma conclusão permanente, embora a listagem de missões coloque-as como concluídas após serem feitas uma única vez.
Um erro do primeiro jogo que persiste aqui são as descrições pouco claras. Embora a conversa explique mais a fundo e haja a possibilidade de conversar novamente com o solicitante, o menu de Quests é simples demais. Como resultado, esses lembretes se tornam pouco eficientes e mereciam mais detalhamento.

Porém, uma coisa adicionada em 2G é o log de mensagens. Enquanto estamos em um diálogo, podemos reler as falas anteriores, o que faz com que evitemos perder informações relevantes. Essa função é muito bem-vinda para aproveitar melhor a trama. Além disso, os diálogos agora contam com vozes em japonês, fazendo com que a experiência de dungeon crawling com elementos escolares seja ainda mais imersiva aqui.
Outras mudanças envolvem o uso do padrão MP em vez de magias alocadas e o fato de que os itens não precisam mais ser avaliados, mas alguns deles podem estar amaldiçoados e precisam de Uncurse para serem removidos. Honestamente, embora isso seja mais próximo do padrão visto em outros RPGs, não acho que seja algo bom ou ruim para a experiência de forma geral, apenas escolhas diferentes de design.
Encarando os labirintos

Na exploração dos labirintos, temos a visão em primeira pessoa e a cada passo que damos é possível que um encontro aleatório com inimigos ocorra. Ao contrário do primeiro jogo, as dungeons possuem designs fixos em vez de ficar alternando entre várias opções de disposição. Essa escolha mais simples é ótima para novatos e facilita a compreensão do quanto o jogador progrediu.
Outra mudança positiva são as novas áreas. Começamos em uma floresta e conseguimos ver poças, tesouros e elementos que chamam a atenção para a exploração, mas que dependem do uso de habilidades como Floatir. Há também uma boa distinção visual entre as áreas, usando elementos como iluminação e objetos do cenário como marcações claras.

Com um mapa de uma área ou o uso da habilidade Mapor, podemos visualizar a área completa e usar o sistema de movimentação automática para traçar uma rota até um ponto já visitado. Infelizmente, por algum motivo, só é possível ver as bordas das paredes no minimapa enquanto o menu mais amplo impossibilita a visualização dessa informação, complicando o planejamento de onde ir.
Em termos do combate, temos aqui um sistema de turnos em que escolhemos todas as ações dos nossos aliados de uma vez só e depois elas são ativadas de acordo com a velocidade de todos, incluindo aqui os inimigos. Além do ataque básico, podemos usar habilidades, itens, defender ou tentar fugir. Caso o jogador tenha pontos acumulados em uma barra no topo direito da tela, poderá também usar habilidades especiais como ataques combinados ou um buff da defesa coletiva.

Aliados na linha de frente podem atacar diretamente os inimigos, mas os de trás precisam ter armas específicas com maior alcance ou habilidades especiais como magia. Personagens da raça Bahamoon podem usar uma técnica de ataque chamada Breath que funciona mesmo na linha de trás. Entender as classes e combinações possíveis é um dos desafios fundamentais para aproveitar a experiência.
Em comparação com o primeiro jogo, temos uma opção de Return to Title no menu, facilitando o processo de Save Scum que é natural para a experiência. A combinação de save em qualquer ponto do mapa com essa opção ajuda a exploração, garantindo que o jogador possa tomar as devidas precauções e corrigir seus erros de forma eficiente.

Um dos possíveis motivos para se aproveitar do save vem justamente de uma característica oldschool que o jogo preserva: a possibilidade de perder atributos ao evoluir. Ao ganhar um nível, nossos personagens podem ficar mais fracos do que antes em algum atributo. Em casos de azar, isso pode impactar justamente aquele fator que é mais valioso para suas ações em combate.
De forma geral, Class of Heroes 2G acaba trazendo certas vantagens de qualidade de vida em relação ao original e não tendo outros elementos que pareciam até mesmo triviais e óbvios jogando o primeiro. Fica a sensação de que ambos mereciam atualizações, importando características um do outro, mas mantendo preservadas as individualidades, como a disposição dos mapas.
Mais um aluno bitolado, mas divertido

Assim como seu antecessor, Class of Heroes 2G: Remaster Edition vale a pena para jogadores mais hardcore acostumados com o gênero ou novatos que não tem medo de sofrer com algumas inconveniências de uma apresentação que merecia mais polimento. Embora haja portas de entrada mais convidativas, é um bom exemplar do que um dungeon RPG clássico tem a oferecer.
Prós
- Uma experiência oldschool de dungeon RPG que oferece bom desafio;
- Possibilidade de usar o mapa para andar automaticamente por áreas já exploradas é uma mão na roda;
- Consegue explorar de forma bem divertida a estética escolar;
- Cenas de história dubladas ajudam na imersão;
- Uma entrada mais confortável para novatos do que o jogo anterior graças às dungeons fixas e ao rebalanceamento das classes;
- Log de mensagens.
Contras:
- A ausência de alguns aspectos de qualidade de vida do Anniversary Edition do primeiro jogo atrapalham a experiência;
- O modelo clássico no qual podemos perder atributos ao evoluir e não temos um controle mais direto dos indivíduos atacados em meio a hordas são um incômodo desnecessário;
- Menu de missões que nem sempre explica os objetivos de forma clara.
Nota Final:
7,5
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