Desenvolvedora: Cattle Call
Publicadora: NIS America
Gênero: RPG
Data de lançamento: 22 de março, 2024
Preço: R$ 259,99
Formato: Digital/Físico
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela NIS America.
Revisão: Marcos Vinícius
The Legend of Legacy foi um jogo lançado originalmente para o portátil Nintendo 3DS em 2015 com a participação de veteranos da indústria que participaram de jogos de séries como Final Fantasy, SaGa, Resident Evil e Chrono Trigger.
O título foi desenvolvido pela Cattle Call e publicado pela FuRyu no Japão e pela ATLUS no Ocidente, com direção de Masataka Matsuura, que trabalhou previamente em jogos da série Zero Escape. Quase 10 anos se passaram desde o seu lançamento inicial e agora a Furyu juntamente com a NIS America lançam The Legend of Legacy HD Remastered para o Nintendo Switch e demais consoles modernos com uma melhoria gráfica significativa.
Arte
Apesar de ser um jogo original do 3DS, The Legend of Legacy HD Remastered possui visuais interessantes e uma direção de arte que soube lidar muito bem com a limitação gráfica do console ao invés de tentar lutar “contra ela”.

No entanto, desta vez a limitação técnica não é mais um problema e com isso a desenvolvedora conseguiu aprimorar bastante o jogo no que diz respeito ao seu visual sem comprometer a identidade e o charme original do jogo. The Legend of Legacy fica muito bonito em resoluções maiores, as artes, personagens e cenários podem ser apreciadas com mais nitidez e isso é uma característica deste remaster que engrandece muito a experiência original.
The Legend of Legacy possui cenários pré-renderizados que se assemelham a pinturas tradicionais, lembrando assim, o estilo de jogos como Bravely Default, que parece ser uma de suas principais inspirações no que diz respeito a gráficos e visuais. Conforme o jogador segue explorando, os elementos das áreas como árvores e arbustos vão se desdobrando em um efeito que remete a livros pop-in em que as ilustrações saltam das páginas dos livros.
Os personagens em estilo chibi desenhados por Ryo Hirao também são bastante simpáticos e conversam muito bem com toda a ambientação criada para o mundo do jogo. Além disso, o jogo conta com a participação de Yuichiro Kojima e Ryoji Shimogama como designers de criaturas e inimigos. O jogo consegue trabalhar muito bem o tipo de monstro que aparece em cada cenário com temáticas diferenciadas apesar da eventual repetição de criaturas conforme o jogador avança em sua jornada.
Os diversos mistérios de Avalon
The Legend of Legacy HD Remastered se passa em Avalon, uma ilha que foi descoberta dez anos antes do inicio do jogo. Exploradores e aventureiros acreditam que a ilha é na verdade uma espécie de continente divino perdido onde habitavam deuses. Atraídos por seus misteriosos e possíveis aventuras, os sete protagonistas opcionais se deslocam até a ilha cada um com seus interesses individuais e eventualmente se juntam em prol de cumprir seus objetivos.

Quanto ao enredo de The Legend of Legacy, é uma pena o fato de que o jogo não possua uma narrativa propriamente dita, sustentando-se quase que puramente por combate e exploração. Sendo assim, o jogo opta por apresentar uma premissa básica, uma breve apresentação que pode ser resumida em poucas linhas do porquê de aqueles personagens estarem naquele lugar e fazendo o que estão fazendo.
Dito isso, o jogo só se preocupa em situar o jogador do que está acontecendo com esses personagens, focando majoritariamente no protagonista de escolha. Por conta disso, o restante dos membros que podem eventualmente entrar na party se tornam personagens extremamente vagos que aceitam se juntar ao seu grupo simplesmente porque convém ao gameplay, nenhum deles tem muita personalidade ou carisma, se resumindo apenas a um simples objetivo próprio.

A história de The Legend of Legacy é desenvolvida muito lentamente. Os momentos que avançam a narrativa são posicionados com um espaço muito grande um do outro, isso faz com que acontecimentos passados sejam rapidamente esquecidos. Pode não ser um problema grande considerando o desfoque que o jogo possui na narrativa mas acaba afetando o ritmo da história por mais irrelevante que a mesma seja. Por conta disso, em muitos momentos o jogador pode se ver perdido em relação aos acontecimentos principais da história.
Lutando por nossos objetivos
Em The Legend of Legacy, o jogador controla uma party de 3 personagens. Cada um dos personagens possui atributos (support, defense, attack) em que se sobressaem em relação a outros personagens além de armas e elementos favoritos. Apesar disso, todos os personagens são flexíveis e cada um de seus status vai evoluindo conforme o jogador vai utilizando determinadas habilidades, como se cada uma das suas características e ataques fosse aprimorada conforme fosse exercitada. Esse aspecto do jogo abre bastante o espaço para o jogador criar builds diferentes para cada um dos personagens da maneira que preferir considerando que os personagens jogáveis não estão necessariamente presos a seus arquétipos e pré-disposições.
Um dos diferenciais do combate de The Legend of Legacy é o seu foco em posicionamento. Cada um dos três personagens da party pode assumir uma posição diferente durante o combate, sendo estas ataque, defesa e suporte respectivamente. O jogo também permite que o jogador crie os seus próprios presets de posicionamento para que desta forma sejam selecionados durante o combate.
Personagens em modo de defesa, por exemplo, são capazes de defender o grupo inteiro de ataques inimigos caso selecionada uma habilidade defensiva com um escudo ou uma habilidade de refletir ataques com uma espada. Esse tipo de habilidade caso executada em modo de ataque ou suporte defenderia somente o personagem que usou esta habilidade, portanto é sempre importante pensar nas posições que cada personagem assumirá no início de cada turno.

É notável que The Legend of Legacy possui sim, um combate diferenciado e interessante mas não é nem de longe capaz de se sustentar ao longo das mais de 30 horas que o jogo se propõe a oferecer de campanha principal, muito devido ao fato de que o jogo também não estimula muito o jogador a sair da “zona de conforto”. Isto é, não existe um incentivo para trocar de experimentar com os demais personagens considerando que eles não tem muito a acrescentar mecanicamente nem narrativamente, sem contar o esforço necessário para subir de nível cada um dos personagens individualmente considerando que não existe um sistema em que os outros personagens que não estão na party compartilhem experiência.
Em certo ponto do jogo, o jogador terá uma party composta de personagens fortes capazes de se adaptar a praticamente todas as situações de combate. Isto é o suficiente para simplesmente não valer a pena trocar por personagens mais fracos em prol da experimentação. O que por si só é uma pena, visto que o jogo dá ao jogador a opção de criar diversas builds e experimentar com armas, habilidades, formações e magias diferentes, sendo este um dos aspectos mais divertidos do jogo.
No entanto, acredito que não exista uma necessidade grande de fazer um rodízio entre os personagens selecionáveis visto que cada um deles pode ser aprimorado da maneira que o jogador preferir. O jogo é flexível o suficiente para permitir um aprimoramento no nível de habilidade de diferentes armas e habilidades para cada personagem mesmo que cada um possua uma predisposição para determinadas posições e modos específicos de jogar.
Explorando a ilha perdida
A exploração de The Legend of Legacy é bem simples e direto ao ponto. No jogo, o jogador deve explorar áreas fechadas interligadas por passagens nas extremidades das regiões enquanto o mapa vai sendo preenchido conforme explorado. A exploração não é nem de longe algo complexo que pode deixar jogadores perdidos ou que exigem um certo nível de backtracking. No entanto, alguns puzzles simples que envolvem acionar totens utilizando determinados elementos estão espalhados por essas áreas que impedem o jogo de se tornar maçante, repetitivo ainda mantendo a simplicidade.
Os inimigos também são encontrados em abundância por essas áreas, representados por sombras de monstros e animais que perseguem o jogador caso o avistem, fazendo que o combate seja iniciado ao entrar em contato. Os mapas do jogo também possuem baús e objetos que podem ser interativos representados por pontinhos brilhantes, além de chefes opcionais desafiadores e caminhos que levam o jogador a descobrir novas áreas.
No geral, acredito que The Legend of Legacy consegue criar muito bem uma sensação de exploração e descoberta. Adentrar uma área nova inexplorada e descobrir os diversos caminhos que estas áreas podem levar é sempre interessante e diverso o suficiente para não se tornar cansativo. O jogo também fica progressivamente mais interessante à medida que a dificuldade vai aumentando e as áreas exploráveis vão ficando maiores e mais complexas.
A cidade de Initium

Initium é a cidade que serve como hub principal de The Legend of Legacy HD Remastered. Neste ponto do continente é onde recebemos instruções a respeito de que áreas devemos explorar, além de interagir com NPCs, recrutar membros para a party, descansar, salvar o jogo e vender e comprar itens. A simplicidade do jogo é refletida também em Initium, afinal não existe muito o que se pode fazer ou interagir na cidade visto que os NPCs que podem ser encontrados na cidade possuem falar repetitivas e diálogos que não acrescentam muito no desenvolvimento da história e a interação com comerciantes é bem direta ao ponto.
O aspecto mais importante da cidade é o comércio, onde o jogador pode adquirir equipamentos melhores e vender informações acerca das áreas exploradas ao longo do jogo. Vale ressaltar que o estoque do vendedor é aleatório e muda conforme os dias vão passando in-game, portanto, caso se depare com algum item que lhe chama atenção, é importante que a aquisição seja feita o mais rápido o possível para evitar que o produto saia de estoque. Além disso, também é possível contratar o serviço de mercadores navais que irão em expedições e voltarão trazendo itens aleatórios com o nível de acordo com o preço ofertado pelo serviço.
Conclusão
The Leged of Legacy é um RPG bastante simples no geral. O jogo lida bem com a complexidade natural do gênero e é capaz de entregar uma experiência simples porém lapidada o suficiente para ser satisfatória.
The Legend of Legacy não se propõe a fazer muito, isto é, não é um jogo que aparenta ser muito ambicioso em sua proposta e execução. Por conta disso, ele acaba não excedendo muito mais do que o mediano em quase todos os aspectos de jogo. Não acredito que a remasterização seja o suficiente para atrair veteranos do título a experimentá-lo novamente, mas certamente é a versão definitiva para jogadores que buscam um JRPG que não possui um alto nível de complexidade mecânica e narrativa.
Prós
- Boa direção de arte;
- Sistema de combate e exploração engajante;
- Um bom trabalho de remasterização.
Contras
- O jogo se estende um pouco mais do que deveria;
- Simples demais em todos os aspectos;
- Carece de história e narrativa.
7
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