Review | Yohane the Parhelion – NUMAZU in the MIRAGE –

Desenvolvedora: BeXide
Publicadora: BeXide
Gênero: Estratégia
Data de lançamento: 22 de fevereiro, 2024
Preço: R$ 88,99
Formato: Digital

Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela BeXide.

Revisão: Lucas Barreto

Olá leitores, como estão? Eu não estou bem para ser sincero, pois gostaria de gastar as poucas horas do meu precioso tempo livre fazendo Shiny Hunt em Pokémon Scarlet/Violet (meu mais novo fascínio). Porém, cá estou aqui redigindo está análise, já que os redatores deste site são uns inúteis que sequer ouviram falar de Yohane the Parhelion.

Dito isso, Yohane the Parhelion – NUMAZU in the MIRAGE – é um jogo de estratégia que explora o universo do spin-off multimídia de Love Live!! Sunshine no segmento de videogames. Diferentemente de Yohane the Parhelion -BLAZE in the DEEPBLUE-, da Inti Creates, não estamos lidando com um metroidvania e sim com um deckbuilder com elementos de roguelite.

Do anime para os videogames, Yohane the Parhelion -BLAZE in the DEEPBLUE- oferece uma genuína e divertida experiência de metroidvania, enquanto coloca Yohane, a adorável aspirante a cartomante, em uma missão de resgate numa dungeon submersa.

Pois é, você leu “roguelite” e já revirou os olhos. Sei como se sente. Mesmo eu não sou lá chegado ao gênero. Felizmente, para minha surpresa, NUMAZU in the MIRAGE é um jogo que eu facilmente recomendaria como um “roguelite para quem não gosta de roguelite”, isso porque a experiência no geral não depende tanto do rogue em si, por isso pude digeri-lo com facilidade.

Mas apesar do game ter atendido minhas expectativas, preciso deixar claro que NUMAZU in the MIRAGE possui algumas restrições um tanto inconvenientes, além de pormenores que não podem passar despercebidos. Desde já, peço a você, caro leitor, que se esforce para não ficar entediando lendo este texto. Conto com você!

Uma nova aventura pela Numazu Reversa

Direto ao ponto: NUMAZU in the MIRAGE não possui foco inteiramente narrativo. O gameplay baseado em combate de cartas é o seu chamariz, com uma história bem rasinha que serve apenas de pano de fundo para as coisas acontecerem naquele mundo. Mas claro, se têm história, por ínfima que seja, não deixarei de forma alguma passar batido aqui.

Dito isso, NUMAZU in the MIRAGE leva a protagonista Yohane a um mundo espelhado, a “Numazu Reversa”, onde lá tudo é visto da forma em como olhamos no espelho; lá não há habitantes também, apenas monstros à espreita e versões “Perversas” do elenco principal do show que estão drenando a vitalidade de suas contrapartes no mundo real.

O cataclismo ocorreu pois a nossa adorável aspirante a Cartomante brincou com o que não deveria ao encontrar um espelho misterioso durante mais um de seus trabalhos como faz-tudo pela cidade. A coitada apenas queria fazer seu nome em Numazu vendendo uma imagem de “vidente que pode prever através do espelho” e agora precisa assumir a responsabilidade em derrotar os Perversos pelo bem estar de suas queridas amigas.

A forma como resumo o plot de NUMAZU in the MIRAGE dá a impressão de que o jogo “é aquilo mesmo que iremos vivenciar a jornada inteira.” Sendo franco é bem isso mesmo. A narrativa não escala para algo mais ambicioso não, e o mistério em volta do Numazu Reverso e do porquê apenas o grupo de Yohane foi afetado pela malícia não instiga nem um pouco.

Entende-se que o gameplay é a prioridade aqui, mas não acho que isso justifique uma escrita preguiçosa e previsível. Para piorar, é nas partes de continuidade narrativa que vemos os diálogos gostosos e descompromissados entre o elenco, cujo tal momento sofre do inconveniente problema crônico de sincronização labial que chega dar nos nervos.

No fim, pode parecer que eu fui completamente devastado pelo enredo simplista somado aos problemas de lip sync, mas na verdade eu até estou de boa com isso. Porém me colocando no lugar de quem curte uma narrativa bem elaborada e cadenciada mesmo que simplista demais, NUMAZU in the MIRAGE certamente deixa a desejar. Contudo, o game esconde seu ouro na sua gameplay estratégica bem elaborada e de fácil aprendizagem.

Confie no coração das cartas

Agora vamos ao que realmente importa, a gameplay. Juro que vou tentar não ser tão prolixo aqui (haha eu não vou conseguir), uma vez que a jogabilidade baseada em cartas exige que eu cubra pelo menos o básico das regras do jogo, embora neste caso não seja nada tão complexo a nível de alguns TCGs como Pokémon e Yu-Gi-Oh!.

Isso dito, quando adentramos na Numazu Reversa somos recebidos com um conjunto de cartas que usaremos na batalha contra os inimigos locais. Não há cenários para explorar no entanto, apenas um mapa com caminhos ramificados que nos levarão a pontos fixos dos inimigos, a loja, área descanso e eventos. O objetivo é escolher um dos caminhos e segui-lo até o chefe do capítulo — que neste caso eu estou falado dos Perversos, que tomam a forma das amigas de Yohane, porém com personalidade complemente distorcidas.

Deixando de lado o fato de que os cards possuem classificações e burocracias que, pasmem, são irrelevantes para quem só quer entender os princípios básicos, o que devemos fazer durante o combate é usar cartas magicas ofensivas para atacar ou defensivas para evitar levar dano do inimigo. Você pode utilizar pelo menos três ações por turno ao gastar Energias, mas que ao longo da seção é possível adquirir cards ou efeitos passivos de Amuletos que lhe garante mais Energias no turno.

Acho que consegui fazê-los entender bem como funciona, certo? Mas claro que não é só isso, estamos falando de um deckbuilder minha gente, é óbvio que possui bem mais camadas para tornar a gameplay mais dinâmica. Dito isso, o jogo utiliza um esquema de summon card que pegamos através de um loot pós batalha; uma vez por partida, podemos invocar estes cards que nada mais são que nossas amigas que nos dão suporte com efeitos diversos a cada turno. Inclusive, estes summon cards prestigiam o jogador que utiliza cartas que remetem a elas mesmas.

As supracitadas summon cards podem de fato lhe dar uma vantagem significativa durante o combate, mas para não torná-las broken demais, o jogo limita o recurso para deixar as coisas mais balanceadas: os summon cards, além de adquiri-los de forma aleatória, eles só podem ser usados uma só vez antes de sumirem do seu baralho, com seus efeitos durando 3 turnos.

Outro subelemento de jogabilidade notável são os Amuletos que citei previamente. Assim como os summon cards, você tem chance de dropar na pós batalha, mas também podem ser comprados na lojinha se você tiver juntado alguma grana. Os Amuletos no entanto são acumulativos até o fim do capítulo, e aparentemente você não precisa descarta-los por superlotação. Eles conferem efeitos contínuos específicos durante o combate, podendo ser desde um dano residual, acumulo de Energia ou até buffs fixos no ataque e defesa.

E quanto ao fator roguelite? Bem, ele serve como uma consequência para àqueles menos empenhados a aprender os sistemas primários do jogo. Imagina: você está percorrendo um longo caminho até o Perverso, contudo, nota que alguns mapas são ainda mais extensos enquanto a dificuldade vai aumentando gradualmente à medida que você negligencia seus recursos. Agora imagina se lá para o final do caminho você perde e tem que voltar desde o início sem nada do que conseguiu em mãos? Pois é, essa é a punição padrão para qualquer estilo de rogue.

Sendo sincero, o sentimento de perda é umas das coisas que me faz desgostar de roguelikes (ou lite), mas neste caso eu compreendo o motivo dele existir no jogo. Sinto que se não fosse por isso eu estaria apenas jogando-o em modo macaco igual quando jogo com decks de combo no Yu-Gi-Oh! Master Duel. O que eu quero dizer é que, para a aproveitar mais da experiência de NUMAZU in the MIRAGE é preciso ter ciência da consequência da perda total caso não jogue de forma cautelosa como um jogo de estratégia que se preze precisa ser jogado.

Entendendo tudo isso, NUMAZU in the MIRAGE é bem-sucedido em oferecer uma gameplay engajante a ponto de você não se sentir enjoando. Explorar formas de combos com cartas de efeitos distintos conforme vamos melhorando o deck é bastante prazeroso, e esse é um sentimento importante que um deckbuilder ou um simulador de batalha de cartas deve proporcionar.

Dá pra jogar sem ter assistido o anime?

Dá e não dá. Eu explico: a questão é que, NUMAZU in the MIRAGE, assim como em BLAZE in the DEEPBLUE, pressupõe que você já tenha vivenciado ambos os animes Love Live!! Sunshine e Yohane the Parhelion SUNSHINE in the MIRROR-, ou um ou outro.

Não consigo pensar nele como uma propaganda para direcioná-lo ao anime homônimo por conta dos detalhes sutis dos diálogos exaltando o individualismo das personagens. Mesmo com uma história original, você será jogado a referências que certamente não irá pegá-las se já não tiver visto SUNSHINE in the MIRROR-, tornando difícil simpatizar com o elenco durante o jogo.

Contudo, ainda é possível ignorar completamente este detalhe se o que você busca em NUMAZU in the MIRAGE for apenas a sua jogabilidade. Nisso eu não consigo imaginar que sua experiência será completamente prejudicada sem conhecimento prévio da outra mídia, foi mais ou menos como expliquei na minha análise de BLAZE in the DEEPBLUE. Por isso, mesmo que perca uma parte da experiência, não será o fim do mundo, mas é claro que tendo tudo em dia você vai aproveitá-lo melhor.

Divertido, mesmo para quem não curte roguelites

Deckbuilers roguelite são gêneros típicos no cenário indie, e Yohane the Parhelion – NUMAZU in the MIRAGE – parece se adequar bem. Por isso, é uma recomendação fácil para entusiastas no gênero — digo isso pois eu curto bastante jogos com essa temática, embora admito que não seja algo que eu jogo com grande frequência como faço com JRPGs.

Minhas ressalvas vão para os problemas com o lip sync e algumas coisas mais pontuais como a falta de diversificação na trilha sonora (juro que eu contei um total de três faixas), mas nada que prejudique severamente sua experiência. A história, mesmo em segundo plano, ainda é fraca mesmo para os padrões de Love Live e do próprio anime de Yohane the Parhelion; acredito que neste âmbito, NUMAZU in the MIRAGE não entrega o fanservice que o fãs merecem.

Dito isso, em uma nota pessoal digo que Yohane the Parhelion conseguiu entregar dois jogos razoavelmente bons desde Yohane passou a protagonizar seu próprio show. Espero que no segmento de jogos as coisas evoluam para algo mais ambicioso em termos de narrativa; uma visual novel seria perfeito para a próxima expansão. No mais, deixo minha recomendação para Yohane the Parhelion – NUMAZU in the MIRAGE –, mas fique ciente de seus problemas.

Prós

  • Combate de batalha de cartas ágil e de fácil aprendizagem;
  • Curva de dificuldade entre capítulos torna a experiência engajante;
  • Elementos de roguelite não sobressai a proposta original, tornando-o convidativo para àqueles que não gostam do gênero.

Contras:

  • História fraca e cenários pouco inspirados;
  • Sem qualquer contexto para àqueles que desconhecem o mundo de Yohane the Parhelion;
  • Problemas graves de lip sync.

Nota Final:

7,5

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