[PREVIEW] – Novo Prince of Persia Pretende Elevar Metroidvanias

Em pleno 2023, quase 2024 (ano da tecnologia), muitos ainda torcem um pouco o nariz para jogos sidescrolling, a movimentação bilateral/2D. O argumento para isso geralmente é que são jogos menos grandiosos ou ambiciosos do que games em 3D. Ironicamente, se tem uma coisa que o futuro “Prince of Persia: The Lost Crown“ passou ao jogar as primeiras horas, foi ambição.

Programado para lançamento em 18 de janeiro, e feito pelo time de Rayman Legends da Ubisoft, a Ubisoft Montpellier, esse game que tivemos acesso por mais de 3 horas nos surpreendeu em praticamente todos os aspectos… e a nossa expectativa já era alta!

Captura de tela de nossa gameplay de Prince of Persia: The Lost Crown.

UM JOGO TRIPLE A

A primeira coisa que dá pra dizer com certeza, spoilando o mínimo possível, é que esse jogo provavelmente seja o metroidvania mais “Triple A” já feito, ao menos no segmento sidescrolling.

Uma breve introdução à situação dos metroidvanias nos dias atuais:

Os Metroidvanias, que tem esse nome por mesclarem mecânicas de Metroid e Castlevania (séries que tiveram ápice de popularidade nos anos 90 com Super Metroid e Symphony of the Night), se tornaram especialmente populares nas últimas gerações no circuito indie, que perceberam que essa fórmula de jogo de plataforma e ação, voltado à uma exploração labiríntica nada linear, era o jeito perfeito de se retomar os jogos de ação e plataforma 2D. Afinal, um jogo de fases pode ser muito curto, ou simplesmente limitador em termos de exploração, e numa época em que jogos 3D predominam sendo extensos e exploráveis, colocar uma grande aventura no molde linear é especialmente difícil.

O sub-gênero então levantou um tipo de “tríade” de jogos principais: o absurdo hit indie, Hollow Knight, o semi-indie Ori, já que era um estúdio iniciante e pequeno, mas que teve apoio da Microsoft, e a volta de um dos criadores do estilo, o Metroid Dread, que levou os metroidvanias a concorrer a Jogo do Ano, no The Game Awards.

Apesar de serem 3 jogos absurdos, Prince of Persia desbanca todos eles no quesito produção. Hollow Knight é um jogo indie, com poucos recursos, Ori é um semi-indie, e Metroid, apesar de contar com o talentoso estúdio MercurySteam e com membros da Nintendo envolvidos, é um jogo mais curto e direto, seguindo os moldes tradicionais da franquia.

Captura de tela de nossa gameplay de Prince of Persia: The Lost Crown.

Já o novo Prince of Persia, a sensação que passa é de ser realmente uma super produção: desde seus cenários complexos e detalhados, seu gráfico muito bonito, cut-scenes dubladas por diversos personagens numa história bem trabalhada, animação dos personagens e inimigos, e uma duração de jogo 3D (só lembrando que a nossa preview durou mais de 3 horas, e isso é quase metade de muito metroidvania por aí). Definitivamente, não é um projeto menor da Ubisoft, eles não economizaram aqui. E mesmo não cobrando o preço cheio (ele custa R$240) é uma experiência que aparenta valer um “full price”.

E sinceramente, demorou para as grandes empresas se tocarem de que os metroidvanias precisam sair somente do escopo indie com uma exceção aqui e ali, talvez esse jogo seja até mesmo um marco nos jogos 2D Triple A, justamente por ele ser um real triple A, mesmo sendo um jogo 2D, algo que poucas empresas além da Nintendo costuma fazer.

O resumo dessa primeira parte é: Prince of Persia: The Lost Crown é sim um jogo de alto escopo e orçamento.

Captura de tela de nossa gameplay de Prince of Persia: The Lost Crown.

À FUNDO MAS SEM SPOILERS

Ainda sem entrar a fundo em spoilers, outra coisa que dá pra dizer tranquilamente, é que esse jogo aprendeu com os metroidvanias que marcaram nos últimos anos, e traz tudo que queremos num jogo desse estilo, inclusive o que NÃO TEMOS em outros jogos, pois The Lost Crown é também absurdamente versátil.

Você quer exploração não linear? Tem! Mas você odeia ficar perdido? Existe uma opção que te mostra no mapa onde você deve ir, e essa opção pode ser ativada ou desativada quando quiser.

Quer ação? Tem também, e MUITO, inclusive, ele pode ser classificado como um jogo de ação mesmo. E o jogo tem dificuldade, porém, ele tem modos mais fáceis permitindo que inexperientes joguem, e também dificuldades mais difíceis, e de verdade, esse jogo no modo mais difícil vai ser INSANO de zerar. E assim como o guia no mapa, as dificuldades podem ser ajustadas quantas vezes quiser ao longo do jogo (porém, você precisa salvar pro jogo alterar a dificuldade), então, você pode começar no super fácil e ir ganhando confiança e subindo a dificuldade, ou, arriscar o mais difícil, e se ver que tá demais, abaixar.

Quer Plataforma com espinhos e buracos pra te matar, e uso de técnicas variadas pra passar de certos trechos? Tem Também!

Quer puzzle? Também tem!

Exploração, ação, plataforma, puzzle… tudo tá aqui e tá bem feito, tá agradável de jogar, tá acrescentando ao gameplay do jogo. O resumo dessa parte é: Prince of Persia traz tudo que um jogador de metroidvania quer num metroidvania em termos de gameplay, e ainda adiciona versatilidade para facilitar ou dificultar a jornada.

Captura de tela de nossa gameplay de Prince of Persia: The Lost Crown.

A GRANDE GAMEPLAY (COM SPOILERS!)

Algumas coisas surpreendem nesse jogo, mesmo em gameplay. A primeira coisa é a inteligência artificial dos inimigos, ela está ÓTIMA! Os inimigos percebem você e reagem a isso, e os que tem mais mobilidade como pulos, podem ir atrás de você! Por exemplo, não é porque ele está numa plataforma, e você foi e pulou numa outra plataforma acima, que tá de boa, não, eles vão atrás, alguns pegam projéteis e atiram… não é um inimigo que só é perigoso se ficar na cara dele.

Aliás, os inimigos estão bons, em geral. O jogo não te deixa spammar o mesmo combo todas as vezes, pois alguns inimigos conseguem QUEBRAR certos combos, principalmente os simples de botão A+A+A+A… fora que são muitos inimigos diferentes e que realmente exigem planos diferentes pra serem derrotados. Por exemplo, um que tem um escudo grande, você precisa iniciar o combo no ar ou dar um olé nele e por aí vai!

O jogo, como todo bom Metroidvania, tem poderes que são liberados ao progredir, mas, algo que fãs do estilo adoram está aqui que é a possibilidade de antecipar recompensas. Por exemplo, nessas primeiras horas de preview, já deu pra pegar dash no ar, que é um teleporte curto pra frente após pular. Esse poder auxiliou bastante numa side quest (sim, tem side quest!) que tinha um trecho complicado de plataforma, mas esse trecho apareceu ANTES do dash aéreo, então, dava pra ir nele e até concluir e pegar a ótima recompensa que a missão dava antes de pegar o dash, tipo, inverter a ordem de melhorias, sabem?

Captura de tela de nossa gameplay de Prince of Persia: The Lost Crown.

E ainda sobre aprendizado versus evolução, o jogo pega muita mecânica e também traz novas.

Dá pra você equipar amuletos que te dão poderes adicionais, como um golpe a mais no combo, ou, desacelerar ao acertar um parry (os parrys ajudam MUITO aqui) e aí você consegue montar meio que um build própria de habilidades. Também temos ataques especiais ao carregar barras que vão desde ataques fortes até cura adicional!

Só que o jogo traz novidades ótimas pro gênero, sendo uma das mais legais a possibilidade de tirar fotos de locais que você não consegue acessar por faltar alguma habilidade, o que é algo comum nos metroidvanias, só que fica difícil de lembrar onde era, o que era, que habilidade que precisava, etc, e guardando uma foto no local do mapa onde esse trecho está, fica muito mais fácil de se organizar como explorador.

O combate é cheio de possibilidades também; por exemplo, o seu arco pode virar um tipo de boomerang (inclusive pra resolver puzzles também), e você consegue, por exemplo, num inimigo difícil de bater frente a frente, lançar o arco, e na volta dele acertar o inimigo, trazer ele pra você e continuar o combo na porrada franca. Ou, com algum inimigo com escudo, lançar o arco numa parede pra quicar e acertar nas costas. Ou seja, dá pra ser criativo.

Por fim, o jogo se passa majoritariamente numa espécie de templo abandonado e amaldiçoado (tipo Indiana Jones mesmo), e ele usa isso muito bem pra inserir armadilhas e outras surpresas.

Captura de tela de nossa gameplay de Prince of Persia: The Lost Crown.

E A TAL DA HISTÓRIA (COM SPOILERS!)

Por fim, pra quem quer saber o que está acontecendo nesse jogo, vamos comentar sobre o enredo base dele e porque mesmo a história é algo promissor aqui.

Nosso protagonista é Sargon, um guerreiro de uma espécie de guarda real, um grupo de elite mesmo. Esse grupo é carismático e interessante. Porém, uma traição ocorreu e uma de suas amigas desse grupo inicia um plano de sequestro do príncipe, levando-o para o tal templo abandonado e amaldiçoado.

Então você vai lá salvar o dia. Parece ser uma proposta de Mario Gourmet né Porém… não, fica tranquilo que não é algo raso assim, seu objetivo final não será esse, e deu pra saber porque já nas primeiras horas do jogo… A preview termina após um surpreendente plot twist, então, espere por eles!

Outra coisa sobre história que também hypou na preview é que quando dizemos que o jogo se passa num templo amaldiçoado, não é só de aparência ou “ah, tem bicho feio”. Existe um mistério lá dentro sobre tempo, aparentemente o tempo passa diferente pras pessoas que estão no local. Por exemplo, um dos seus amigos te diz que finalmente conseguiram progresso depois de dias, e aí o Sargon diz “Dias? a gente tá aqui só a algumas horas.”.

Não ficou bem claro o que tá rolando, e o que está acontecendo com cada um, mas isso não um caso isolado, vários diálogos com personagens diversos dão a entender que esse templo tem alguma coisa bizarra e sobrenatural sobre tempo e ficar perdido lá! Enfim… é intrigante principalmente quando somamos isso ao enredo base de que uma de suas companheiras de guarda real levou o príncipe pra esse templo conscientemente…

Não deu pra saber o que realmente está acontecendo nesse jogo, e sinceramente, isso é ótimo, pois mostra que a história será engajante.

Captura de tela de nossa gameplay de Prince of Persia: The Lost Crown.

CONCLUSÃO

Em pouco mais de 3 horas, Prince of Persia: The Lost Crown se mostrou muito competente e ambicioso em todos os seus pontos. Gameplay sólido, mesclando elementos queridos e novidades e sendo versátil para o fácil e para o difícil. História muito bem trabalhada, principalmente pro padrão de jogos metroidvania sidescrolling. Aliás, todo o escopo do jogo se mostrou acima dos demais jogos do estilo.

Mal podemos esperar o lançamento do game e cravar o quão bom ele realmente é. Aparentemente, o time que deu vida ao ótimo Rayman Legends, que se mostrou um marco nos jogos de plataforma 2D, quer fazer história de novo, e mesmo 2024 sendo o ano que estamos esperando por jogos como Silksong e Metroid Prime 4, ele ganhou outro jogo que promete brigar pra ser o melhor metroidvania já feito!

A equipe Coelho no Japão teve acesso a uma sessão remota do jogo a convite da Ubisoft Brasil!


Veja também nossa análise em vídeo:


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *