Desenvolvedora: Crafts & Meister
Publicadora: BANDAI NAMCO Entertainment
Gênero: Ação
Data de lançamento: 29 de agosto, 2024
Preço: R$ 299,90
Formato: Digital/Físico
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela BANDAI NAMCO Entertainment.
Revisão: Marcos Vinícius
GUNDAM BREAKER 4, é o quarto jogo (ou quinto, se contar o New Gundam Breaker) de uma adaptação da icônica franquia de robôs que está chegando pela primeira vez em plataformas Nintendo. Com a proposta de trazer de maneira interativa a frenesi que as batalhas de mecha passam no anime, o título de ação consegue acertar e errar em diversos pontos deste aspecto em específico. E então, vamos entender melhor tudo isso?
Um shounen bem executado
Antes de mais nada, é bom deixar claro: GUNDAM BREAKER 4 possui uma essência de anime shounen — como é de praxe de animes mecha — e acerta em cheio ao fazer isso, sem vergonha do que é. Há pessoas que prefiram uma história mais madura, porém, o mais novo game dos Mobile Suit Gundam opta por uma abordagem extremamente leve, não elaborando temáticas muito sérias ou pesadas.

Aqui, se trata de um jogo de ação focado na costumização onde é possível utilizar seu Gunpla como seu próprio avatar in-game. GUNDAM BREAKER 4 não cria um contexto épico para se desenvolver, você vai conhecendo seus amigos aos poucos, formam um clã juntos e ao longo do tempo vão ficando mais fortes — a mais pura essência do que jogos do gênero ofereceram em seu auge.
O elenco de GUNDAM BREAKER 4 utiliza de todos os arquétipos possíveis do mais lido gênero de mangá do mundo, desde personagens tímidos até o mais odiado de todos que consegue criar constrangimento em quem está jogando… Apesar disso, a dinâmica do grupo funciona muito bem, sendo leve ao longo do tempo e extremamente divertida de acompanhar.
O game não falha em colocar arcos de desenvolvimento para o cast, colocando uma pequena pitada de maturidade com problemas cotidianos e com sucesso fazendo com que o jogador genuinamente goste deles. Os maiores exemplos que posso dar sobre como estes personagens funcionam seriam pela lógica do começo de Beyblade Burst: uma história sobre ir de alguém bem iniciante para o alto nível de uma competição.
No entanto, há devido tom de seriedade no decorrer da história de GUNDAM BREAKER 4, apenas com questões um pouco mais leves e isto está longe de ser um problema, uma vez que o jogo executa muito bem este aspecto, para o bem ou para o mal.
Uma infinidade de builds
Como era de se esperar, GUNDAM BREAKER 4 possui como seu ponto mais forte uma verdadeira infinidade de builds a serem construídas para seu Gunpla, o que é sensacional!
GUNDAM BREAKER, apesar de ser uma série de jogos de ação, consegue se fazer complexo e criar uma indecisão no jogador sobre que tipo de abordagem escolher para suas batalhas. Nesta entrada não é diferente. Cada peça possui uma variedade muito grande de stats, a ponto de que a forma como se constrói um Gunpla pode mudar conforme o gosto do usuário.
Mesmo ao pensar que tudo se resume à Ataque e Defesa, é interessante notar como o jogo consegue oferecer complexidade ao te deixar optar por ser forte à curta ou longa distância. Ou talvez construir um robô lento com dano massivo ou extremamente ágil porém frágil a uma troca de ataques.

Com uma infinidade destas, o novo jogo de GUNDAM BREAKER consegue se fazer muito prazeroso para quem sente o genuíno prazer de ficar testando estratégias diferentes em sua gameplay. Jogos de mecha costumam acertar muito neste aspecto, assim como Medabots e outros games com esta temática de costumização.
Em GUNDAM BREAKER 4, seu personagem não é um conceito fixo, é o seu robô, com a sua personalidade, o seu jeito de jogar, com sua identidade. Tal se faz muito bem executado. A minha única ressalva com este aspecto, no entanto, é a infeliz verdade de que só se pode testar uma build e saber se ela funciona ou não no modo Online, pois o single-player não oferece dificuldade alguma. Quando me refiro à ausência de dificuldade, é pelo simples fato de que pensar numa build por tanto tempo perde um pouco do sentido quando o game não coloca à prova o que o jogador trabalhou tanto para criar.

Ainda assim, não acho um demérito tamanhas possibilidades de gameplay, se fazendo um aspecto muito bem-vindo e essencial para o que GUNDAM BREAKER quer ser e fazer. Além disso, as peças possuem um sistema de raridade, as quais é possível melhorar sintetizando as armas para subirem de nível conseguindo itens de upgrade por meio de missões paralelas se o jogador desejar.
O grinding por elas é extremamente justo, não sendo obrigatório caso o jogador não queira. O único lado ruim é que é possível quebrar a dificuldade facilmente com itens muitas vezes nem tão fortes assim, não sendo este o único aspecto que torna isto possível. Apesar dos pesares, tantas possibilidades de construção se fazem um fator com um saldo extremamente positivo, onde os pontos fracos do game se fazem presentes em outros aspectos, não aqui.
Combate e sistema de combos
A parte mais importante deste game, afinal, para que personalizar seu Gunpla se não para ter lutas épicas, assim como no anime?
GUNDAM BREAKER 4 consegue gerar um ótimo game feeling de maneira natural no combate, onde as questões de personalização citadas anteriormente afetam diretamente isto, pois há uma gama de armas para testar e ver qual se adapta melhor ao que o jogador prefere fazer. Estamos falando desde variadas armas à longa distância, até lutar de perto com lanças, machados, sabres, etc…
Esta gama se faz incrível ao pensar que se pode equipar duas diferentes em cada mão de seu robô, dando a possibilidade de testá-las como uma combinação, sendo muito atraente e não deixando o combate entediante. O game consegue te incentiva a executar bons combos e te recompensa de maneira sólida por isso, com peças mais raras e mais itens de upgrade.

Os controles conseguem ser intuitivos apesar de falharem às vezes, além de termos mecânicas que conseguem dar complexidade às lutas. É possível derrubar inimigos de forma similar ao stagger de Final Fantasy VII Remake, batendo e preenchendo a barra e atordoando o oponente. GUNDAM BREAKER 4 consegue te recompensar bem por fazer isto, apenas pelo fato de que fazer isto não possui dificuldade alguma.
Além disso, ao soltar uma peça do Gunpla inimigo, é possível executar um Ground Break, uma quebra que lhe permite derrotar o inimigo com bastante hp sobrando, similar a Kratos rasgando inimigos apertando “R” em God of War (2018). Esta recompensa só lhe é dada ao executar uma sequência de combo muito longa, algo que acontece com considerável frequência devido ao jogo não balancear bem sua dificuldade.
Executar combos consegue ser prazeroso e frenético, gerando dopamina do jeito que só os videogames conseguem gerar em nosso cérebro. A única ressalva em relação a isso é o fato de que o jogo se torna extremamente tedioso à longo prazo por ser fácil ao extremo. Consigo declarar com um certo tom de certeza sobre sua facilidade devido a saber que não sou muito habilidoso com games de ação no geral.

Mesmo sendo intuitivo, chega um momento em que perde o sentido de se esforçar para fazer boas combinações de golpes, pois o jogo não te pune pelo ato de esmagar o botão de bater sem pensar. Apesar de ser divertido o fato de isto fazer de Gundam Breaker um bom jogo “no-brainer” para desestressar após um longo dia, os inimigos não reagem muito à sua sequência de combos, não se levantam para te obrigar a mudar de posição e não perder seu progresso como em Devil May Cry, por exemplo. Isso faz com que, por mais que prazeroso, na reta final do game, o jogador não se sinta animado para executar combos da maneira que seu design incentiva.
Por óbvio, isto que falei se aplica à dificuldade padrão, algo que não posso dizer com absoluta certeza se muda completamente de figura ao desbloquear dificuldades maiores após zerar o game. Enquadro este tópico com este tom de incerteza pois, muitas vezes, os modos difíceis de games não os deixam exatamente mais difíceis um desafio justo se executados errados, aspecto o qual não pude conferir infelizmente. Ainda assim, GUNDAM BREAKER 4 consegue entregar gostinho peculiar do que é controlar um Gundam, com suas devidas ressalvas.
Repetição em excesso
Embora seja extremamente divertido, GUNDAM BREAKER 4 possui uma estrutura de missões que se repete da mesma maneira durante o game inteiro praticamente. O jogo não tenta introduzir algum fator para ter uma variedade e não ficar enjoativo. Esta sensação se torna muito presente ao final do game, com coisas que soam meio como um “filler” para acrescentar um pouco mais de tempo ao produto final.

Na maioria das missões, se derrota 3 a 4 hordas de Gunpla e na maioria das vezes bosses, que possuem uma variedade no início mas, começam a se repetir constantemente durante o resto do game, com muitas reciclagens. Tais hordas se resumem a derrotar todos, derrubar um alvo selecionado ou proteger um foguete a ser lançado(assim como o jogo de proteger seu carro em Overwatch).
Isso dá a leve impressão de que não havia orçamento o suficiente para algo menos repetitivo, infelizmente. As side-quests não chegam a ser ruins mas, são mais como um acréscimo à suas builds, não entregando algo interessante como novas interações entre o elenco ou algo do tipo.
“Diversão” é o que define GUNDAM BREAKER 4
Apesar de minhas críticas, considero GUNDAM BREAKER 4 uma experiência que me divertiu como não me divertia há muito tempo, funcionando muito bem como um jogo leve. Com uma história shonen interessante, temas simples e um combate que apesar de desbalancear a dificuldade de maneira que seja possível jogar sem o game de tirar de sua zona de conforto em momento algum, acredito que este game de Gundam ofereça uma experiência muito boa para relaxar e jogar algo leve, sem pensar muito.
Consegue ser uma experiência acessível tanto para fãs da série, como também para completos novatos na franquia e no universo de Mobile Suit Gundam.
Prós
- Combate prazeroso e cheio de possibilidades, com builds quase infinitas;
- Sistema de raridades e progressão justo;
- Elenco competente, com personagens interessantes e bem desenvolvidos;
- Boa história.
Contras
- É possível quebrar a dificuldade do jogo;
- Missões repetitivas – Pequenos problemas de câmera.
Nota
8
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