Review | WitchSpring R

Desenvolvedora: KIWIWALKS
Publicadora: KIWIWALKS, PM Studios
Gênero: RPG baseado em turnos
Data de lançamento: 29 de agosto, 2024
Preço: R$ 174,07
Formato: Digital/Físico

Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela KIWIWALKS.

Revisão: Marcos Vinícius

WitchSpring R é um remake do primeiro jogo da série WitchSpring, originalmente lançado para dispositivos móveis em 2020. Basta apenas uma olhada de relance para o título original para que seja perceptível o fato de que, WitchSpring R trata-se de um glow-up significativo em relação a sua versão original.

Vale ressaltar também que, a série WitchSpring conta com 4 títulos lançados em plataformas mobile, sendo esta a terceira iteração atualmente disponível para consoles e PC. Sem mais delongas, vamos à análise!

A história da bruxinha Pieberry

WitchSpring R conta a história de Pieberry, uma jovem garota que vive em uma floresta completamente alienada de qualquer tipo de contato com humanos, exceto quando os mesmos aparecem na floresta com o intuito de capturá-la unicamente por ser uma bruxa. Acontece que, no mundo de WitchSpring, guerreiros humanos cometeram um grande genocídio de indivíduos que possuem sangue mágico devido a inveja e complexo de inferioridade que sentiam em relação a bruxas.

É nesse contexto que WitchSpring R usa de sua base para apresentar discussões sobre liberdade e religião. De início, todo a história que é apresentada através de uma cutscene narrando acontecimentos passados e contextualizando o conflito em que esse mundo se encontra parecem servir apenas como um simples pretexto para o gameplay e o combate, visto que a história demora um pouco para começar a avançar de fato.

As primeiras horas de jogo buscam retratar o dia a dia de Pieberry, fugindo de guerreiros e coletando ingredientes mágicos para fazer poções e alimentos. No entanto, logo após o capítulo inicial do jogo, as temáticas da história começam a ser apresentadas aos poucos juntamente com personagens novos que antagonizam Pieberry. Pode-se dizer que o jogo lida bem com os temas que se propõe a discutir e com isso, faz-se capaz de contar uma história que de início pode parecer simples ou rasa demais em uma história emocionante, capaz de arrancar lágrimas de jogadores mais sensíveis.

Desbravando além da floresta

O capítulo inicial do jogo funciona basicamente como um grande tutorial que dura cerca de 5 horas de gameplay que tem o intuito de apresentar a maior parte de suas mecânicas de maneira clara, dentro e fora de combate. Além de apresentar a protagonista, Pieberry e seu fiel companheiro Black Joe e como se dá a relação dos personagens entre si e com o mundo que o cercam.

Ao iniciar o combate, a seleção da ordem de quem irá atacar primeiro e a progressão dos turnos seguintes se dá a partir do status de agilidade de Pieberry em relação aos seus inimigos. No canto inferior direito da tela, pode ser visto uma barra que mostra a ordem em que ordem cada personagem irá atuar, o que pode ser muito útil para planejar que tipo de ação será tomada pelo jogador em cada turno.

WitchSpring R possui uma sinergia muito boa com suas diversas mecânicas, isto faz com que uma boa apresentação de todas as suas nuances se faça necessária, visto que a negligência de determinados aspectos do jogo pode fazer com que o jogador tenha uma experiência menos agradável do que o jogo pode oferecer. Esta variedade de mecânicas e tipos de gameplay faz com que o jogo seja capaz de se sustentar por muitas horas, evitando a repetição maçante e desnecessária de determinados aspectos do jogo. Pode-se dizer que o maior trunfo de WitchSpring R é saber dosar muito bem todos os seus diferentes tipos de gameplay somado a um ótimo balanceamento de dificuldade e opções de qualidade de vida que são muito bem-vindas.

Magias e poções

Witch Spring R adota uma filosofia interessante de design de progressão de personagem no que diz respeito ao gênero de jogo em que se encaixa. Isto é, o jogo desencoraja qualquer tipo de grinding e praticamente impossibilita que o jogador fique níveis acima do que é esperado para determinada área do jogo. Um exemplo que pode ser citado desta filosofia de design, é o fato de que cada inimigo ou grupo de inimigos possuem localidades fixas em que aparecem no mapa, uma vez que derrotados, os mesmos possuem um cooldown para nascerem novamente no mesmo lugar, porém, ao combatê-los novamente, Pieberry não receberá nenhum XP pelo combate, somente os itens derrubados por cada inimigo.

Essa é uma abordagem particularmente interessante pois praticamente obriga o jogador a desenvolver estratégias para cada encontro com inimigos e engajar com todas as mecânicas disponíveis no combate, além de tornar cada batalha interessante por si só, visto que cada inimigo tem as suas próprias peculiaridades e maneiras diferentes de enfrentar. Desta forma o jogo também acaba engrandecendo a necessidade de engajamento com o sistema de crafting, visto que passar por lutas com chefes se torna praticamente impossível sem o auxílio de poções que aprimoram as habilidades de Pieberry ou recuperam sua vida e mana.

Infelizmente, WitchSpring R ainda falha em trazer diversidade ao gameplay do meio para o fim do jogo. Até certo ponto, o fato de termos somente Pieberry como personagem controlável torna-se um fardo que o jogo não consegue carregar muito bem ao longo das suas quase 30 horas de campanha. Isto é, o combate acaba se tornando um tanto repetitivo, visto que as estratégias para derrubar inimigos mantem-se praticamente a mesma durante todo o jogo e algumas mecânicas que deixam o combate mais interessante, como a invocação de mais de um ajudante ou o aprimoramento de magias antigas e aprendizado de magias novas que demoram um pouco para aparecer, considerando o ritmo relativamente acelerado do jogo.

O jogo também consegue dar um certa contornada na necessidade de revisitar áreas antigas para farmar ingredientes de crafting visto que uma vez a cada descanso, Pieberry pode enviar o seu companheiro Black Joe para retornar a determinadas áreas e coletar esses ingredientes para o jogador. No entanto, dada a aleatoriedade dos itens em que Black Joe pode resgatar a cada dia e somando com a quantidade de descansos que o jogador está fazendo, um pouco de backtracking ainda pode-se fazer necessário de tempos em tempos.

Um mundo belo e interessante

Visualmente, WitchSpring R soube lidar muito bem com as limitações técnicas e orçamento aparentemente limitadas. O mundo do jogo é de certa forma pequeno e linear, mas isso é compensado por um nível de detalhe, cuidado e direção de arte que foi posto em cada área. No geral, jogadores não perderão muito tempo explorando cada área dado a filosofia do jogo de ser direto ao ponto, isso também se reflete no level design simplificado das dungeons, que são apesar de serem bem lineares, apresentam puzzles simples porém interessantes, que ajudam a dar uma descontraída do típico gameplay de combate que poderia ficar um tanto quanto cansativo ao longo da exploração.

O jogo também possui uma fidelidade gráfica impressionante no Nintendo Switch, rodando muito bem, sem apresentar nenhuma queda de resolução expressiva até mesmo em modo portátil. No entanto, é perceptível que o jogo fica consideravelmente mais lento em lutas contra chefes grandes ou que possuem muitos inimigos na tela, nada que impacta muito a experiência dado a natureza do gameplay de combate por turnos, que não exige reflexos ou uma performance estável.

WitchSpring R também conta com ilustrações e retratos de personagens ao lado das caixas de diálogos que são muito bonitas e ornam muito bem toda a paleta de cores do jogo. No entanto, o uso de alguns desses retratos parece um pouco arbitrário, considerando que os mesmos tendem a ocupar um espaço considerável na tela e às vezes conflitam com as expressões faciais dos modelos 3D dos personagens no jogo.

Apesar disso, pode-se dizer que o jogo possui uma interface de usuário excelente. Todos os menus são bem intuitivos, responsivos e simples o que faz com que a navegação seja rápida, fácil de entender e satisfatória. Vale ressaltar que apesar da simplicidade, toda a interface ainda carrega a personalidade do jogo muito bem, sem parecer sem graça ou minimalista demais.

Doce como torta de morango

WitchSpring R pode não ser o título mais refinado e complexo do gênero, mas sem dúvida é um jogo que consegue contar uma história cativante, com personagens interessantes somados a um gameplay engajante e balanceado. Apesar de ser um jogo relativamente menor, se comparado a outros RPGs, WitchSpring R também se destaca pela qualidade de vida de suas mecânicas, podendo servir de referência para até mesmo os maiores títulos do gênero. No geral, acredito que WitchSpring R é certamente um jogo que ficará na memória de todos que o darem uma chance.

Prós

  • Opções de qualidade de vida;
  • Belo e responsivo;
  • Mecânicas interessantes que conversam entre si.

Contras

  • História um pouco lenta;
  • Progressão de personagem arrastada em alguns momentos.

Nota

8,5

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