Review | Princess Maker 2 Regeneration

Desenvolvedores: Bliss Brain, GAINAX
Publicadora: Bliss Brain
Gênero: Simulação Social Bishoujo
Data de lançamento: 11 de Julho, 2024
Preço: R$ 107,99
Formato: Digital

Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela Bliss Brain.

Revisão: Lucas Barreto

Antes mesmo da GAINAX fazer seu nome no mundo dos animes com Neon Genesis Evangelion, ela estava se aventurando pelo mundo dos jogos bishoujo na indústria de videogames no Japão.

Princess Maker, de 1991, surgiu como um jogo de simulação atípico até mesmo para os dias atuais, com uma premissa muito simples: como pai, devemos criar uma jovem garota e torná-la uma mulher capaz. Quem teve a brilhante ideia de saciar o instinto paternos dos weebs virjões que sequer tinham a expectativa de arrumar uma namorada, quem dirá se casar e ter filhos?

Pois é, a ideia por trás de Princess Maker é inusitada e eu, na qualidade um solteirão de 30 anos que sempre sonhou ter filhos, pude experimentar um pouco desta experiência que é ser pai de menina — um pai presente no caso, que é bem raro de ter hoje em dia, viu. Dito isso, estou começando com Princess Maker 2, que, pasmem, parece ser o título que importa, já que possui status de clássico cult por alguma razão pela qual não fui atrás, apenas li por cima mesmo.

No entanto, estou jogando a versão mais recente feita pela Bliss Brain, a mesma por trás de Wonder Boy Asha In Monster World, o remake de Wonder Boy IV, que também portou outros jogos de Princess Maker nos consoles e PC. Pois bem, se você, que um dia quer ser papai, acha que um joguinho vai prepará-lo adequadamente para este momento, continue lendo este texto para descobrir!

Quero ser pai de menina!

Situado em um mundo de fantasia inspirado pela Europa Medieval, em Princess Maker 2 nos vemos no papel de um herói que uma vez protegeu seu reino da invasão do Príncipe das Trevas e agora vive encostado recebendo um salário anual do palácio como forma de gratidão. Mas quem liga pra este detalhe? Vamos pular a introdução tediosa e ir direto para o que importa: ser pai!

Pois bem, ao receber o chamado de uma Deusa, uma criança então nasce dos céus até a sua direção. A partir deste momento mais conveniente possível para não elaborar um relacionamento estável com alguma conjugue — pois, aparentemente, nem os desenvolvedores da época tinham experiências amorosas —, você deve criá-la como sua filha adotiva, desde novinha até atingir a maior idade.

Aqui o jogo já deixa claro que o que importa é a criança e como devemos educá-la. Em um primeiro olhar, eu fiquei realmente surpreso sobre o quão bem pensado ele é ao oferecer dezenas de possibilidades sobre como conduzir nossa filha para um futuro ideal. São 70 finais diferentes para explorar e a campanha dura em torno de cinco horinhas, enquanto o loop de gameplay é tão refinado e o seu viés de simulação profundo — mesmo para um jogo de 1993 — que não é estranho você ficar com vontade de repetir a run para explorar outras possibilidades.

No entanto, confesso que, por não ter experiência prévia com a série Princess Maker, estive um tanto confuso de início com tanta informação e barras de estatísticas numéricas por todo canto da tela. A falta de um tutorial poderia vir a calhar neste caso. Mas calma que eu tô aqui pra facilitar sua vida, novato, pois vou TENTAR explicar direitinho os fundamentos de Princess Maker 2 no tópico a seguir!

Educando através do trabalho e disciplina

O princípio básico aqui é que, cabe a você, como pai, dar um norte para sua pequenina para que ela possa, enquanto cresce, decidir o que quer ser na vida. Após definir o nome e a data de nascimento, você têm diversas opções a seu favor para gerenciar seu desenvolvimento, instigando seus interesses nas áreas disciplinares, como religião, militar ou artística.

Por exemplo, caso deseje que a garota tenha interesse na realeza e, eventualmente ter as chances de se casar com o príncipe, existe todo um cronograma de atividade educacional onde ela pode aprender se portar como uma dama, com eloquência e boas maneiras. Tendo isso em mente, você precisa montar um calendário de atividades para sua filha, onde você paga por aulas diárias que aumentam stats específicos os quais irão lhe atribuir os recursos necessários para ir pelo caminho desejado.

É importante saber que, assim como um filho de verdade, temos custos em cima de sua criação. Portanto, trabalhar é essencial para que tenhamos fundos toda semana para cobrir os costos do estudo e sua alimentação. Mas como você é um encostado, e seu salário é ínfimo, não dá pra dar conta de tudo. Então vamos aproveitar e mostra-lá como é a realidade da classe trabalhadora fazendo-a trabalhar duro para ajudar nas despesas, assim também aprender a não ser mimada.

Por outro lado, é importante manter a sua saúde mental em dia, reservando uns dias da semana para levá-la para se divertir. E isso é importantíssimo, pois existe uma barra de Estresse entre todas aquelas estatísticas que se enche à medida que ela trabalha a exaustão ou estuda demais; se o nível de estresse estiver muito alto, isso influenciará em sua performance nas duas áreas, tal como pode torná-la uma delinquente.

Um vez ao ano, temos o Festival da Colheita onde você pode inscrevê-la para participar de eventos que envolvem torneio de combate, concursos de dança, arte ou de culinária. Sua performance em cada modalidade depende do caminho que você está direcionando sua filhota. Contudo, o resultado depende totalmente do maldito RNG do jogo, já que você é colocado contra adversários aleatoriamente e alguns deles são bem mais fortes ou talentosos que você.

Para além da simulação, Princess Maker 2 também traz elementos de RPG e de exploração, mas são bastante singelos. Você pode ir em locais fora do reino, podendo encontrar baús com itens valiosos para vender e levantar uma renda extra, ou até acionar eventos específicos que confere aumento em seus stats.

Neste segmento de gameplay, é recomendado que você vá preparado com bons equipamentos ou stats reservados para guerreiros elevados, já que existe random encounters com monstros tão poderosos que nem se esconder ou fugir adianta. Felizmente, caso o infortúnio ocorra e ela seja nocauteada, seu mordomo a levará de volta pra casa e você não perderá nada que encontrou pelo caminho.

Ademais, abro um parágrafo para refletir sobre como ideia de influenciar o rumo de um personagem manipulando estatísticas em vez de opções de diálogos como é de praxe em jogos bishoujo pode parecer um estilo de jogo mais frio que não aproveita tanto o lado individualista. Talvez pudesse elaborar melhor um lado intimista da nossa filha que não seja linhas de textos vazios que não extrai traços de personalidade dela, ou sei lá, informações desnecessárias sobre ela querer ter peitos maiores ou que se incomoda com sua bunda grande. Eu não preciso saber disso!

Quero dizer, Princess Maker não é sobre ter uma interatividade interpessoal densa. Eu entendo isso, e talvez esteja cobrando demais para um jogo do início da década de 90. Por isso, não irei contar este comentário como uma crítica, até porque eu nem sei como a série evoluiu em seu escopo depois de Princess Maker 2.

O que há de novo nesta versão?

Embora Princess Maker 2 seja um título original do NEC PC-9801, a versão “Regeneration”, na verdade, é baseado em Princess Maker 2 Refine, de 2004. O que isso significa? Eu não faço a MENOR IDEIA. Desculpe, não pesquisei sobre, vacilo meu, mas creio que deva ter alguns retoques visuais e de Qualidade de Vida aqui e ali.

Em suma, algumas das novidades que eu sei é que Regeneration inclui uma Opening Movie que parece ter sido executado no Paint. Posso ter sido ofensivo pois acredito que os desenvolvedores queriam simular algum padrão noventista que eu não vivi para poder avaliar adequadamente. Mas claro, é um capricho notável e deve ser mencionado, os fãs devem ter gostado, acredito, ainda mais que a GAINAX foi quem deu esse mimo.

No entanto, o que é digno de menção mesmo é o retrabalho na arte do jogo, feitas por Takami Akai, que não só liderou a direção do supracitado Opening Movie como também deu uma revigorada nas ilustrações. Pra quem não sabe, Akai foi o artista original da versão de 1993. Claro, existe algumas melhorias sutis, mas nada tão surpreendente, e se olhar friamente para este refinamento, as coisas parecem ser brandas demais, ainda mais por ser um relançamento de celebração dos 30 anos do game.

Mas olha, eu não reclamo não. Os visuais retrô de Princess Maker 2 na verdade são bastante atraentes, principalmente as vinhetas pixeladas que mostram nossa filha trabalhando ou estudando. Admito que, à medida que eu envelheço, estou ganhando mais gosto por algumas estéticas retrô em JRPGs e outros gêneros de jogo que costumo consumir.

Mas sendo mais técnico aqui, o que me causou um pouco de estranheza em Princess Maker 2 Regeneration foi essa combinação das artes atualizadas de Takami Aka com os visuais pixelados in-game e toda a sua interface charmosamente datada, o conjunto acaba destoando um pouquinho, mas nada a ponto de ser desrespeitoso.

O orgulho do papai

Apesar de parecer complexo inicialmente, Princess Maker 2 se mostra um primor dos jogos de simulação social quando você entende o que deve ser feito. Eu nunca tinha jogado algo parecido antes e talvez nem exista algo como Princess Maker no mercado hoje em dia. Como um novato, num geral, ele foi uma experiência divertida e o loop de gameplay me manteve preso até que pudesse ver minha filha tomando rumo na vida e encher meus olhos de lágrimas de orgulho.

A remasterização, no entanto, apesar de bem-vinda para pescar potenciais papais da atual geração, acaba sendo básica demais, pra dizer o mínimo. Acaba que, pra quem é veterano, desembolsar uma grana para rejogá-lo talvez só se justifica pelo vislumbre das novas artes de Takami Aka, pois não acredito que o escopo em si tenha se expandido não.

No mais, meu debut com a série Princess Maker foi agradável e me deixou com um gostinho adocicado na boca. O maior destaque vai para os elementos de simulação, que mesmo para a época são surpreendentemente profundos, devo frisar. Foi algo único e mesmo que ele não se encaixe em um padrão atual de jogos de simulação, que só vê Farm Sim a cada esquina, acredito que fãs do gênero irão achá-lo competente e singular. Vale demais experimenta-lo.

Prós:

  • Loop de jogabilidade divertido e viciante, com um viés de simulação bastante profundo;
  • Visualmente agradável para quem curte jogos retrô;
  • Galeria com ilustrações desbloqueáveis estimula a raplayabilidade.

Contras:

  • Apesar de algumas adições notáveis, o trabalho de remasterização ainda é básico demais;
  • Falta de tutorial.

Nota:

8

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