Desenvolvedora: Otomate
Publicadora: Idea Factory International
Gênero: Otome Visual Novel, Fandisk
Data de lançamento: 28 de maio, 2024
Preço: R$ 250,00
Formato: Físico/Digital
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela Idea Factory International.
Revisão: Marcos Vinícius
Após anos de hiato na tradução de otome games, a Idea Factory International retornou ao mercado de romances com protagonistas femininas licenciando e lançando Cupid Parasite no Ocidente em 2021. O lançamento teve problemas notáveis com a sua tradução que levaram a empresa a se pronunciar publicamente sobre a necessidade de correção.
Três anos se passaram desde então e a empresa se manteve ativa nesse mercado, evitando os erros dessa reestreia. Agora, temos em mãos Cupid Parasite -Sweet & Spicy Darling.-, um fandisk (ou seja, expansão independente) do jogo, que nos leva novamente a Los York em uma oportunidade de rever esse mundo colorido e cheio de absurdos carismáticos com novas histórias.
Para avaliar o jogo, trouxemos aqui três redatores que já tem bastante contato com otome games. Além de mim (Ivanir), temos também as opiniões da Nico e do Ryuji, que aparecem aqui no NintendoBoy em algumas avaliações. Como nós três tivemos a oportunidade de experimentar o jogo e já havíamos curtido o Cupid Parasite original, decidimos fazer uma avaliação conjunta aqui para apontar nossas impressões.
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Uma mudança de perspectiva
Cupid Parasite é um otome game sobre uma jovem chamada Lynette Mirror, uma das melhores profissionais da Cupid Corporation. Lá ela ajuda várias pessoas a encontrar o seu par ideal, visando o casamento e a prosperidade amorosa.
Porém, a verdade é que ela não é ninguém mais, ninguém menos que a verdadeira deusa Cupido, que desceu à Terra para entender melhor os humanos e provar que não é necessário usar seus poderes para que eles encontrem seu par ideal. Seu objetivo era alcançar o topo da melhor empresa do ramo casamenteiro do mundo.
Para conseguir o seu objetivo, ela tinha que lidar com uma situação complexa: gerenciar cinco dos piores clientes da empresa, o Parasite 5. Como parte de um programa de TV em estilo reality show, ela e os rapazes são reunidos em uma casa e ela precisou se esforçar muito para tentar ajudá-los.
No fim das contas, as coisas não saíram como planejado no jogo anterior e, sem dar grandes spoilers, Lynette acaba se envolvendo romanticamente com os rapazes. Cada rota apresentava a garota se aproximando de um dos parasitas e, dependendo de quem fosse o felizardo, mais ou menos detalhes da mitologia vinham à tona. Cada rota tinha um tom bem peculiar, garantindo histórias para pessoas que preferem seu romance mais doce ou mais trágico, para as que querem mais ação ou comédia de absurdos.
Em Sweet and Spicy Darling, temos um fandisk, ou seja, uma obra que complementa a história original sem reapresentá-la. Como resultado, é o tipo de jogo que na prática só vale a pena para quem já conhece o original e se apaixonou pelos personagens. Até mesmo em comparação com outros títulos similares, ele não segura a mão do jogador e assume que ele já aproveitou as rotas dos rapazes, fazendo apenas breves rememorações de eventos quando especialmente pertinente.
No jogo, temos a chance de continuar as histórias dos rapazes apresentados no original no modo After Drama. Todas, incluindo a rota secreta de Cupid Parasite, são reabertas aqui, mostrando o que acontece com os personagens após o respectivo melhor final. Abrem-se aqui novas perspectivas, com três possibilidades principais de conclusão de acordo com as escolhas do jogador: “Sweet”, “Spicy” e o “Sweet and Spicy”, que é o final mais completo e ideal.
Além disso, a obra introduz um novo personagem, Merenice Levin, que é um vidente que usa rosquinhas. A ideia é que Lynette acaba falhando em se aproximar de todos os personagens e suas colegas levam a personagem para consultar a sua sorte. Porém, Merenice não consegue ver o futuro da garota, fazendo com que ele fique fascinado por Lynette e busque a todo custo se aproximar da personagem acreditando que ela “está no seu destino”.
Opinião, biases e discussão das rotas – Ivanir
Honestamente falando, acho que Sweet and Spicy Darling é um ótimo fandisk. As rotas fazem sentido para expandir a narrativa dos personagens e realmente têm algo para contar sobre os personagens. Não senti que elas foram forçadas e sinto que complementam bem a narrativa original.
Minhas rotas preferidas no jogo foram a do Merenice e a do Allan. Mais especificamente, eu gostei muito do final “doce” do Allan, que me fez chorar horrores jogando. A trama do Allan desde o original tende a um lado meio tragédia clássica e as reviravoltas desse final dão aquele gostinho agridoce que mexe bastante comigo. Daí, mesmo com o final “doce e picante” sendo muito melhor desenvolvido e mais redondo, eu gosto muito do que foi feito ali.
Enquanto isso, o Merenice é uma viajada que é a cara de Cupid Parasite. Sem entrar em detalhes, o conceito do nosso vidente das rosquinhas gera um parasita bem formulado e é muito interessante ver como o seu relacionamento com Lynette o transforma. A Claris em especial brilha muito nessa rota com suas conversas de amiga e a sua própria evolução como personagem.
Temos aqui também aquela interface marcante do jogo original e as rotas são bem variadas. Para mim, só não vale a pena para quem não jogou o original mesmo e espero que a IFI corrija o defeito da falta de legendas naquela cena no finalzinho da rota do Allan.
Opinião, biases e discussão das rotas – Nico
O fandisk pega todas as pontas soltas do Cupid Parasite original e finalmente as resolve, dando satisfação para o leitor que sentiu falta da resolução de alguns problemas que não tinham sido abordados anteriormente. Além disso, as rotas complementam de forma natural a vida dos casais após o “final feliz”. As pessoas mudam, evoluem e estão em constante mudança, sendo isso visível durante a jogatina da rota de cada rapaz.
Conforme abordado pelo Ivan, o tom e o clima da rota depende de cada personagem e vai de seu gosto pessoal julgar qual te agrada mais. Eu, particularmente, adorei a rota do Shelby, me arrancando risadas do início ao fim, ao mesmo tempo que a rota do Allan simplesmente quebrou meu coração em dois por tamanha melancolia que a mesma carregava.
Enquanto o lançamento do jogo original foi repleto de erros, o fandisc está bem mais polido. Entretanto, ainda há problemas de tradução, de programação (como o bug que faz o Switch não parar mais de vibrar na rota do Peter) e de revisão que poderiam ter sido tratados com mais atenção. Mesmo assim, é um jogo que recomendo para aqueles que já jogaram o original e querem complementar sua experiência, pois entrega muita qualidade em seu enredo, sonografia e em sua arte.
Opinião, biases e discussão das rotas – Ryuji
Sweet and Spicy Darling consegue, e muito bem, expandir as histórias dos personagens a partir do final feliz do original. As rotas retêm aquele humor bem característico, além de possuir diversas cenas que simplesmente fazem alguém rir sem parar.
As minhas rotas favoritas foram a do Peter e a do Gill. O final Sweet and Spicy do Peter, infelizmente não poderei falar a fundo devido ao fato de que há inclusive um aviso de spoilers, mas eu não esperava o desenvolvimento que teve. Ah, e não dá pra esquecer daquele momento na rota do Shelby…
A rota do Merenice foi muito boa, mas sinceramente, o que chocou de fato foi um ending secreto que existe na rota dele. Sério, esse me pegou de surpresa. Talvez até muito mais que o final do Merenice. Mas a rota dele também é cheia de eventos absurdos, o que o conecta muito bem com o resto dos personagens.
Um fandisc de alta qualidade
Cupid Parasite -Sweet & Spicy Darling.- consegue fazer exatamente o que deveria: expandir a narrativa do original e nos dar mais um gostinho desse universo tão rico escrito por Ririka Yoshimura sob direção de Fumie Tatematsu. Trata-se de uma fácil recomendação para quem já jogou o original e os dois títulos são ótimos exemplos de obras de qualidade dentro do gênero.
Prós
- Boa variedade de histórias bem escritas faz com que tenha algo para tipos diferentes de jogadores;
- Explora muito bem os personagens e a forma como eles e as suas relações estão em constante mudança em uma extensão natural do original;
- Altas doses de humor bem executado;
- Interface colorida marcante.
Contras:
- Não dá para recomendar o jogo para quem não aproveitou o original, sendo necessário terminar todas as rotas para tirar o máximo de proveito da história;
- Falta de legendas em um trecho do final do Allan;
- Bug na rota do Peter faz o Switch vibrar sem parar, sendo necessário fechar o jogo;
- Ainda possui erros de tradução e revisão, embora em muito menos quantidade que o original.
Nota Final:
8,5
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