Desenvolvedora: Double Dagger Studio
Publicadora: Double Dagger Studio
Gênero: Aventura
Data de lançamento: 9 de maio, 2024
Preço: R$ 92,45
Formato: Digital
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela Double Dagger Studio.
Revisão: Marcos Vinícius
Um dos efeitos colaterais inesperados do surgimento das redes sociais, foi a super popularização de gatinhos. Não é que os felinos fossem impopulares antes, porém, ter um espaço em que os tutores podem facilmente compartilhar as traquinagens que esses danados aprontam diariamente, fez com que pessoas não familiarizadas com os bichinhos se apaixonasse por eles. E é claro que a indústria cultural iria se aproveitar disso.
Nesse contexto surge Little Kitty, Big City, o jogo dessa análise que tem um público alvo bem claro: amantes de gatos e suas fofurices. Diferente da aventura cyberpunk Stray, que saiu em 2022, aqui temos um projeto menos ambicioso, mais inocente e focado em simular de maneira bem humorada como é ser um gato doméstico perdido nas ruas.

Fica então a questão: toda esse fofura bem intencionada resulta em uma experiência divertida? Bom, já já eu te falo.
Um playground para explorar
Olha que premissa legal: um gato doméstico está vivendo tranquilamente sua vida preguiçosa dormindo do lado de fora do peitoril de uma janela, até que um acidente acontece e o gatinho cai lá de cima — sem se machucar, claro, graças a uma série de eventos convenientes — a partir daí, o jogo começa com o seu objetivo principal: retornar para a janela de onde você caiu.

A estrutura me lembrou um pouco The Legend of Zelda: Breath of the Wild — dada as devidas proporções é claro — o jogo te deixa explorar livremente a cidade e indica qual é o caminho para retornar à sua janela, ficando a cargo do jogador decidir quando quer terminar de fato a aventura e seguir o caminho de volta para casa.
Na superfície encontramos amigos animais que nós dão tarefas para cumprir, na grande maioria das vezes precisamos coletar algum item que está pela cidade, seja roubar um smartphone de um dos humanos caminhando ou conseguir penas capturando os passarinhos que ficam de bobeira pela cidade.
Uma das missões que mais me fez sentir um gato, foi quando um outro felino particularmente folgado me pediu para derrubar todos os potes de geleia dentro de uma loja, absolutamente caótico para a dona do estabelecimento que ficou correndo atrás de mim enquanto eu andava pelas prateleiras.

O mais divertido dessa estrutura é a liberdade que o jogador tem para fazer o que preferir em um dado momento, sempre podendo explorar outro canto da cidade se cansar de alguma missão que esteja fazendo.
Como um fã de collect-a-thon — jogos de exploração em que você coleta diversos itens — essa fórmula funciona perfeitamente para mim. Não só a estrutura em si é divertida, mas os diversos personagens que você encontra sempre tem diálogos bem humorados que dão um certo charme para a experiência.

Fofura em primeiro lugar
Uma coisa interessante que aprendi depois de alguns anos analisando jogos indies aqui para o NintendoBoy, é que não existe “mágica” na produção de jogos eletrônicos. Basicamente o que quero dizer é que desenvolver um game é algo muito trabalhoso, que exige tempo e dinheiro. Quando vejo um jogo como Little Kitty, Big City, que já chega esbanjando gráficos em 3D e prometendo um espaço aberto para o jogador explorar livremente, sei que isso tem um custo específico no desenvolvimento que precisa ser equilibrado com outros elementos.
E a verdade é que sim, este jogo investe muito na sua apresentação, mais do que no seu conteúdo, já que o game pode ser finalizado em cerca de 3 a 4 horas. A questão é: os desenvolvedores acertaram em priorizar a apresentação?

De certa forma, acredito que sim. O jogo precisa ser charmoso e atraente para funcionar, boa parte do apelo aqui está em quão divertido é você ver as animações que simulam perfeitamente um gatinho. Quando você pega um item e ele brinca com a bolinha antes de pegar ou quando você encontra um dos muitos “cantinhos da soneca” e nota que o gato tem animações diferentes para dormir. Mais uma vez, conhecendo o público alvo, esses detalhes são essenciais para o resultado final e me faz entender por que os desenvolvedores focaram nisso.
E não poderia faltar mencionar o colecionável principal: os chapéuzinhos! Meu maior incentivo para sair por ai explorando o mapa com certeza era achar mais modelos desses trocinhos. Eles não tem simplesmente nenhum efeito no gameplay, porém dão mais personalidade para o gatinho durante o jogo.

Raso em conteúdo
Como falei no tópico anterior, dada as limitações de orçamento de um jogo desse porte, acho que acertaram em priorizar a apresentação, porém, isso não quer dizer que o jogo é livre de críticas.

De fato, há pouco conteúdo aqui, a cidade não é tão “big” como indica o título do jogo, o que nem considero um problemão por que pelo menos foi fácil decorar o layout do mapa, mas acho que poderia ter mais coisas para fazer, mais missões interessantes.
Por exemplo, uma das missões mais bacanas é você ajudar um pai pato a encontrar os seus filhotes que estão espalhados pela cidade, cada um metido em uma traquinagem diferente. A missão funciona bem por que faz você explorar o mapa, te apresenta diversas situações inusitadas e traz bom humor com a personalidade de cada um dos filhotes, é o pacote perfeito para o game. O problema é que essa é de longe a melhor missão do jogo, as outras são consideravelmente mais simples. Acho que com mais tempo os desenvolvedores poderiam ter trabalhado em tornar a cidade ainda mais cativante de se explorar.

Outro ponto que para mim ficou um pouco a desejar é a movimentação do protagonista. No geral, tudo funciona, não tive um momento de frustração considerável por causa dos controles, porém, tenho a impressão que se tudo fosse mais rápido e fluído, o jogo seria mais divertido.
Há um grande foco em plataforma durante a exploração da cidade, mas toda vez que eu tinha que dar um pulo precisava parar e “mirar” onde eu queria aterrissar. Tenho a impressão que aqui o jogo poderia “roubar” um pouco mais de outros collect-a-thon e trazer uma movimentação dinâmica para deixar a exploração ainda mais divertida.
Entrega o que promete
Apesar das críticas, tenho que admitir: o jogo entrega o que promete. É uma experiência leve e divertida para quem ama gatinhos. Logo, respondendo meu questionamento no inicio do texto, é sim uma fofura bem intencionada que resulta em uma experiência divertida. Não espere que o jogo vá explodir sua mente com puzzles bem elaborados e desafios de plataforma, mas acho que é uma interessante “pausa” entre jogos mais intensos para poder curtir algo menos ambicioso.

Não sei vocês, mas as vezes gosto de experiências assim, jogos em que não há nenhum perigo real e que você pode curtir só por curtir mesmo. Na correria das nossas vidas acabamos diminuindo a quantidade de jogos que jogamos para apenas os “essenciais” e deixamos passar algumas coisas que poderiam sim gerar boas memórias e acho que é exatamente nessa caixa que Little Kitty, Big City se encaixa.
Por fim, só um detalhe: o jogo é ótimo para crianças pequenas! Cenários coloridos e pouco desafio, além de diálogos simples e engraçados todos traduzidos para a nossa língua, se você busca um jogo para o filho, sobrinho etc, esse aqui é uma ótima opção.
Pros:
- Tudo é muito fofo;
- Você controla um gatinho;
- Apresentação surpreendente para um jogo independente;
- Fórmula collect-a-thon divertida.
Contras:
- Pouco conteúdo;
- Movimentação deixa a desejar.
Nota Final
7
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