Review | Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes

Desenvolvedora: Rabbit & Bear Studio
Publicadora: 505 Games
Gênero: RPG
Data de lançamento: 23 de abril, 2024
Preço: R$ 249,50
Formato: Digital/Físico

Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela 505 Games.

Revisão: Davi Dumont Farace

Atualmente, existem diversos jogos indies em que atribuímos o título de “sucessor espiritual”. O que isso significa? Geralmente, este termo é dado para um jogo cujo objetivo é se inspirar em uma franquia icônica, só que sem depender completamente do fator nostalgia, trazendo uma experiência completamente inédita com moldes similares. E é com esse objetivo que após cinco longos anos, finalmente temos o lançamento de Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes.

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De crowdfunding a desenvolvimento

Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes começou sua vida com um Kickstarter em julho de 2020. A campanha foi um sucesso imenso, com o jogo arrecadando mais de 4.5 milhões de dólares, com diversas metas ambiciosas e mais de 46.000 apoiadores dando seu dinheiro para fazer com que o jogo virasse realidade.

Porém, devido a infame pandemia da COVID-19, também sofreu muitos delays, com promessas de um lançamento para 2023, mas que foram atualizadas para o mês atual, abril de 2024. O time de desenvolvimento conta com pessoas que eram envolvidas na famosa série Suikoden, da Konami. Mas uma coisa é certa: O objetivo de Eiyuden Chronicle não é copiar Suikoden, apenas se inspirar, e criar algo novo.

Mais de 100 personagens recrutáveis!?

A história de Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes começa com o jovem Nowa, cujo desejo é explorar o mundo afora. Para isso, ele decide se alistar aos Watchers da aldeia de Eltisweiss. Logo na sua primeira missão, o objetivo dos Watchers é colaborar com o Império para explorar uma antiga ruína, depois de rumores de que uma Lente-rúnica Primal segue selada em seu centro.

Após essa exploração, o jogo começa com seu primeiro timeskip de 6 meses. Fazendo jus ao seu nome, Hundred Heroes, são cerca de 120 aliados que podem ser recrutados ao longo de sua jornada. Mas surge a pergunta: Como é que a história consegue aguentar esse tanto de gente? E ai que mora o X da equação: dos mais de 100 personagens, temos apenas três protagonistas cuja história é desenrolada de forma “completa”. Parece estranho, mas honestamente, faz completo sentido, visto que tentar aprofundar TODOS os personagens seria uma tarefa que levaria décadas de desenvolvimento.

Eu amei a história, mas devo confessar que certos pontos nela são um sofrimento. Em certos momentos, o jogo te pede para recrutar novos aliados. Ok, até ai tudo bem, só que não há sequer uma indicação de onde ou como isso é feito. Isso não seria um problema tão grande, exceto pelo fato de que alguns personagens requerem que você complete uma side quest.

“Onde que começa essa quest?” você deve se perguntar. E só digo: Boa sorte em encontrar o NPC que sinaliza o começo, pois há zero indicação. Entendo que isso pode até ser parte do charme, mas sendo completamente sincero, esse tipo de coisa que parece que só tendo um detonado (alguém lembra dessa época?) poderia ter sido evitada se houvesse uma lista de quests, tanto opcionais quanto obrigatórias.

Clássico combate de turno

O combate em Eiyuden Chronicle segue o clássico combate de turno. No começo de cada rodada é possível escolher ou definir cada ação de cada membro individualmente, ou deixar com que o jogo decida as ações no automático. Após selecionar uma ação para cada personagem, tanto seus aliados quanto os inimigos irão agir conforme a ordem definida na parte superior central da tela.

Cada personagem também possui o que o jogo chama de Lentes-rúnicas. Todos podem utilizar ataques de magia, que consomem MP, ou ataques especiais que consomem SP. A diferença é que MP só pode ser recuperado através de itens ou pelos hotéis das vilas. Enquanto que SP é recuperado 1 de cada vez, a cada turno. Depois de um tempo, há também a possibilidade de usar Hero Combos, em que dois personagens se juntam para dar um ataque forte.

Além disso, uma mecânica interessante envolve quando por exemplo, os seus personagens são todos de um nível mais alto, e um aliado novo entra com um nível mais baixo. Para compesar isso, os membros com o nível mais baixo recebem mais XP do que o normal, permitindo assim que eles consigam rapidamente ficar no mesmo patamar que os outros sem ter que fazer um grind excessivo.

Uma das coisas mais legais também são os bosses de cada parte da história. Toda batalha irá possuir uma mecânica que é exclusiva, e sério, nenhuma é igual a outra, o que traz algo novo para estratégia, ao invés de ataques repetitivos até que você consiga derrotar o inimigo. Uma pena que isso só está presente em certos chefões.

Otimização para o Nintendo Switch deixa a desejar

OK, eu não queria ter que fazer um parágrafo assim, mas infelizmente, é impossível eu passar o pano e não mencionar que Eiyuden sofre um pouco em relação à sua performance no Nintendo Switch. Para começo de conversa, o jogo requer um total de 28.6 GB em sua versão digital, um número que ultrapassa vários jogos first-party até da própria Nintendo, como Tears of the Kingdom, e até o Monster Hunter Rise, da Capcom.

Ao andar pelo mundo, deparar-se com inimigos é algo que acontece de forma aleatória. E aí que fica o primeiro problema: Cada vez que isso acontece, o jogo precisa ir para uma tela de loading…que após eu cronometrar, leva entre quatro a seis segundos. Isso pode não parecer muito no começo, mas pense comigo: se uma batalha leva isso tudo para carregar, pense em 10, 20, ou até 50. Considerando que ao longo da dungeon você irá deparar com esses monstros constantemente, isso acumula.

Também notei diversos engasgos quando eu apertei X para abrir o menu, Y para abrir o mapa, entre outros. Até mesmo interagir com NPCs de lojas faz com que o jogo pause por 1 ou 2 segundos antes de carregar a animação, como se o jogo tivesse travado completamente. Pessoalmente, eu nunca fui chato quando o assunto foi performance, mas existem diversos jogos que conseguem ser bem otimizados para a plataforma do Nintendo Switch.

Isso é apenas especulação minha, mas tenho certeza que o motivo desses gargalos é fruto do fato que quando o Kickstarter foi lançado, a promessa foi que o jogo seria feito para o “console next-gen da Nintendo”, mas já que esse console ainda não existe, e o Nintendo Switch continua sendo um dos consoles mais populares no Japão, a terra dos desenvolvedores, me parece que eles foram meio que “obrigados” a portar o jogo para o Switch no meio do desenvolvimento.

Construa sua fortaleza

Após 11 longas horas de história, Nowa e seus amigos começam a restaurar um castelo que antes era abandonado em um verdadeiro “hub” para tudo que você precisa no jogo. E é aqui que é removida a obrigação de específicos membros na party. (Tchau, Lian, nunca gostei de você.)

Arrisco dizer que é aqui que o jogo realmente começa a se abrir de verdade para o jogador, pois quanto mais aliados são recrutados, várias combinações possíveis vão sendo desbloqueadas. Isso é bem legal, já que permite uma customização bem variada. A sua gameplay será bem diferente da gameplay de seu amigo, por exemplo.

Uma conclusão difícil de chegar

Eu tinha altas expectativas por Eiyuden Chronicle desde 2020. E sim, o jogo entrega em suas promessas e é genuinamente uma carta de amor tanto para os fãs da franquia de Suikoden, quando fãs de JRPG. Porém, em minha sincera opinião, ele não foi pensado para o Nintendo Switch, e isso fica muito evidente.

Seus gargalos em performance e telas de loading longas realmente o impedem de ser uma experiência perfeita, o que me deixa receoso em recomendar a versão de Nintendo Switch para quem haja o mínimo de interesse. Há também muitos elementos de gameplay que podem ser muito intoleráveis, especialmente se você nunca jogou um RPG da época do Nintendinho dos anos 90s.

Prós:

  • Uma grande história cheia de conteúdo pra explorar;
  • Legendas em Português;
  • Ótimo character design.

Contras:

  • Severa falta de otimização pra Nintendo Switch, com telas de loading muito longas e um tamanho de arquivo nada agradável;
  • Possui vários elementos que podem ser frustrantes para quem nunca jogou um RPG da década de 90.

Nota:

7

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