Review | CRYMACHINA

Desenvolvedora: FURYU Corporation
Publicadora: NIS America
Data de lançamento: 24 de outubro, 2023
Preço: R$ 314,99
Formato: Digital/Físico

Análise feita no Nintendo Switch com chave fornecida gentilmente pela NIS America.

Revisão: Marcos Vinícius

Sucessor espiritual de CRYSTAR, CRYMACHINA despertou meu interesse desde que eu soube de seu lançamento. Apesar de ter críticas em relação a seu antecessor, com um sistema duro de combate e uma exploração meio maçante, a apresentação geral e parte da narrativa me agradaram bastante. Assim, um jogo que constrói em cima de uma boa base, somando para buscar corrigir falhas, mostra-se bem mais interessante.

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CRYMACHINA, apesar de ter uma narrativa própria, apresenta diversos ecos em relação a seu antecessor, e por isso faço a menção já na introdução. Seu escopo, contudo, é imensamente maior, especialmente pela apresentação, que alcança um patamar impressionante, enquanto não avança tanto em termos de gameplay. Sem mais, adentremos Éden.

Um conto escatológico

Nos estudos de mitos, a criação é sempre acompanhada da escatologia: o fim de um mundo que inaugura um novo. Em CRYMACHINA, não há deuses para moverem o mundo no ciclo de destruição e reconstrução, mas humanos, em um esforço de preservação, criam suas próprias divindades mecânicas, depositando nelas a esperança de um novo começo.

O cenário de fundo da obra é um futuro apocalíptico, após o acontecimento de dois relevantes assuntos. O primeiro é uma pandemia de uma doença degenerativa, que usurpou a vida de milhões ao deixar suas vítimas imóveis e incomunicáveis. Em seguida, humanos se veem obrigados a escapar da Terra, construindo o Éden: uma arca dirigida por “Deus Ex Machinas”, que existem com o propósito de proteger a humanidade.

Quando começamos a jogar, a espécie humana foi exterminada, e tais máquinas estão em conflito entre si por não entrarem em consenso de qual a melhor forma de resgatar seus criadores. Assim, surge Leben, a protagonista, uma das vítimas da doença fatal, reconstruída em máquina a partir dos fragmentos de sua memória por uma das entidades.

O Éden é um cenário caótico, no melhor sentido da palavra. Os cenários representam o abandono da vida, com uma estética sci-fi que se mescla muito bem com a narrativa. A apresentação como um todo é um espetáculo: os designs são criativos e os modelos são muito bem trabalhados, resultando em um pacote que realmente chama a atenção. O maior destaque positivo nesse sentido se dá nos designs dos personagens, sempre interessantes  e criativos, e pelas cutscenes, que nos jogam fundo na imersão do universo.

A narrativa procede a partir da restituição de Leben, quando somamos força a uma pequena equipe formada por uma Deus Ex-Machina. Seu objetivo: reestabelecer a humanidade de seus constructos, feito possível apenas pelo acúmulo de EXP, que nesse jogo tem a sigla desvirtuada — no melhor estilo Undertale — para ser resignificada em pontos que constituem a essência do homem. Para tal, precisamos nos inflitrar em domínios dos demais Deus Ex Machinas e derrotá-los, adquirindo conhecimentos e habilidades.

Uma Beleza Plástica

O que eu mais gostaria de dizer é que CRYMACHINA é um jogo de fato sensacional. O melhor que posso dizer, contudo, é que não é um jogo ruim. Minha maior reclamação reside em escopo crítico similar a seu antecessor: combate e exploração.

Entre encontros, somos colocados em um menu-Hub, onde podemos conversar com outras personagens e fazer upgrades em nossos chars e habilidades. Os diálogos, apesar de não serem brilhantes, carregam certo charme para caracterizar bem os contextos, e o sistema de upgrade é competente o suficiente. Quando adentramos nas dungeons, contudo, a experiência cai de forma significativa.

A movimentação truncada somada a um cenário pouco inspirado não nos motiva tanto a explorar. As sessões labirínticas mais cansam que surpreendem, apesar de significativas melhoras em interação comparado à CRYSTAR. Existem muito mais espaços de interação e até alguns puzzles, mas todos que sempre passam a sensação de “cumprir tabela” ao invés de serem frutos de ideias de fato inspiradas. Há ainda boas surpresas envolvendo combates secretos (com oponentes fortíssimos) e a estética geral do mapa agrada, então reafirmo que, de fato, trata-se de uma melhoria significativa ao comparado com seu antecessor.

O combate, de forma semelhante, não parece ter evoluído tanto também. Agora, além de dash, temos também parrys e dodges perfeitos, criando efeitos inspirados em Bayonetta e em Kirby the Forgotten Land ao desacelerar o tempo, mas o movimento permanece truncado. Além de enfrentarmos levas de oponentes mais ou menos genéricos, o flow de combate não varia de personagem a personagem, sempre flutuando ao redor da ideia de bater, lançar ao ar e finalizar o combo (lembrando inclusive a ordem de Xenoblade Chronicles com Tropple, Launch e Smash).

Conclusão

De forma geral, realmente não acredito que CRYMACHINA seja uma experiência ruim. Sendo uma clara evolução de CRYSTAR, se torna uma recomendação muito mais fácil, mas isso não o livra de todos seus erros. A parte de gameplay, mais crítica do processo, ainda precisava de certo polimento, apesar de ser muito mais agradável dessa vez.

A apresentação, porém, é realmente um show à parte, com cutscenes realmente de tirar o fôlego, e com gráficos durante sequências de ação que fazem jus ao trabalho dos artistas gráficos. No fim, diria que recomendo o jogo assim que ele passar por algumas quedas de preço, especialmente porque o preço cheio atual não se justifica no pacote apresentado.

Prós

  • Animação e estética geral deslumbrantes;
  • Premissa e narrativa mantém o jogador engajado.

Contras

  • Exploração pouco inspirada;
  • Combate truncado.

Nota

7,5

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