Review | Atelier Ryza 3: Alchemist of the End & the Secret Key

Desenvolvedora: Gust
Publicadora: Koei Tecmo
Data de lançamento: 24 de Março, 2023
Preço: R$ 349,00
Formato: Digital/Físico

Análise feita no Nintendo Switch com cópia gentilmente cedida pela Koei Tecmo.

Revisão: Paulo Cézar

A aventura de verão de Reisalin “Ryza” Stout e seus amigos, iniciada em Atelier Ryza: Ever Darkness & the Secret Hideout, de 2019, enfim chega ao seu clímax!

Atelier Ryza 3: Alchemist of the End & the Secret Key é o último capítulo da subsérie Secret de Atelier, prometendo uma experiência ambiciosa e em larga escala que aprimora tudo que já vimos nos jogos passados da Ryza, enquanto traz velhos e novos rostos para acompanhar a aspirante a alquimista em uma trama envolvente e repleta de mistérios, ao mesmo tempo nostálgica.

Espera… chegou aqui e não sabe o que é Atelier? Então, eu vou ficar devendo uma apresentação super detalhada para isso, pois quero focar este texto inteiramente no que Atelier Ryza 3 tem a oferecer. Mas ao menos quero que saibam que Atelier é, em poucas palavras, uma série de RPG que traz uma combinação única de Slice of Life e crafting. Caso queiram aprender mais sobre, convido-lhes a ler o artigo do meu amigo Erick, onde ele apresenta uma visão detalhada da franquia desde seus primórdios:

25 anos de Atelier: a encantadora franquia de JRPG que tem mostrado sua cara nos últimos anos

Voltando para Atelier Ryza 3, apesar de ser o terceiro título, ele compreende que possa ser um jogo onde muitos novos fãs vão querer começar sua aventura pela franquia — sabe, por ele ser mais atual, etc. Embora eu reflita bastante sobre até que ponto os jogos de Atelier são acessíveis — o que não vem ao caso agora —, felizmente, para os menos situados, Atelier Ryza 3 apresenta um Prologue Movie contextualizando os principais eventos em Atelier Ryza 1 e 2.

Caso tenha começado por esta entrada, é de suma importância que antes de começa-lo assista ao resumo do Prologue Movie no menu inicial. É sério, faça isso. Eu digo isso pois Atelier Ryza 3 implica desde o início com a nostalgia, onde os personagens relembram momentos de sua juventude na Kurken Island ou os acontecimentos na Capital Real. Como supracitado, velhos rostos retornam também, o que pode deixar as introduções um tanto confusas, sendo mais um motivo para não pular a retrospectiva.

Além disso, apesar de fazerem parte da mesma saga, é importante frisar que cada jogo é um jogo, trazendo mecânicas distintas, embora trabalhe com o mesmo elenco. Por isso, vou aproveitar o embalo e deixar minhas análises de Atelier Ryza: Ever Darkness & the Secret Hideout e Atelier Ryza 2: Lost Legends & the Secret Fairy logo abaixo:

Review | Atelier Ryza: Ever Darkness & the Secret Hideout

Review | Atelier Ryza 2: Lost Legends & the Secret Fairy

— Introdução feita, vamos então a análise de Atelier Ryza 3: Alchemist of the End & the Secret Key!

A última aventura de verão

Atelier Ryza 3: Alchemist of the End & the Secret Key decorre um ano após as aventuras de Ryza na Capital Real em Atelier Ryza 2: Lost Legends & the Secret Fairy, onde a adorável alquimista, juntamente com Tao e Bos, retornam a vida pacata e rural na Kurken Island, o lugar onde nasceram.

Os eventos que nos levarão ao cerne da trama ocorrem muito rápido e sequencialmente: Após derrotar alguns monstros na costa, Ryza sente um mal-estar depois de ouvir uma voz estranha em sua cabeça. Chegando ao seu ateliê, algo vem à sua mente onde ela acredita que pode sintetizá-lo, criando assim uma chave. Em seguida, ilhas misteriosas surgem repentinamente na baía, instabilizando a Kurken Island.

Preocupada, Ryza reúne velhos amigos para ajudá-la em uma nova expedição às ilhas Kerk, as supracitadas ilhas misteriosas, apenas para chegar lá e descobrir um Palácio que parece estar relacionado a chave misteriosa criada pela alquimista e ao surgimento das ilhas. Também aprendemos que a chave pode criar outras chaves que concedem funções convenientes para além da resolução da narrativa, sendo elas também integradas em alguns núcleos de gameplay.

O cataclismo leva Ryza a conhecer novos amigos, incluindo Frederica, que chega a Kurken Island como uma comerciante artesanal, carregando consigo um pingente que contém um padrão desenhado que lembra o mesmo presente no portão dentro do Palácio. A fim de resolver este quebra-cabeça para encontrar uma maneira de salvar sua ilha natal, Ryza então parte em nova jornada que a levará a terras distantes.

A aposta de Atelier Ryza 3 é ser uma odisseia fantástica que combina uma narrativa de mistério instigante apoiando-se em um cenário familiar que não apenas quer trazer um ar nostálgico, mas também reafirma o vínculo entre os personagens centrais, bem como encerra de vez seus respectivos arcos. Além disso, Bos, o herdeiro da família Brunnen introduzido em Atelier Ryza 1, não apenas está jogável aqui, mas possui uma participação ativa na história, além de seu próprio background a ser desenvolvido.

Para os novos personagens, somos apresentados à novas figuras que serão importantes e que darão contorno ao enredo do jogo. O primeiro deles é a supracitada Frederica, a vice-chefe do sindicato de artesãos e prefeita da cidade Sardonica, na região de Cleria. Em seu arco de história, a jovem se vê no meio de um conflito, onde ela precisa encontrar uma forma de reconciliar duas guildas.

Dian é um membro de uma milícia chamada ” Gleaner”, onde atua também como guia de Ryza e companhia pela região de Nemed, sob pedido de Empel e Lila (os mentores de Ryza e seus amigos). Ele é um jovem bastante energético e peculiar, que se destaca por suas vestimentas nativas. Por fim, somos introduzidos a Kala, outro ser da raça Oren (assim como Lila e Kilo), que apesar da aparência infantil, ela, na verdade, é uma anciã com mais de mil anos de vida e uma peça fundamental para os atuais acontecimentos do jogo.

Dito isso, Atelier Ryza 3 segue o padrão dos jogos da franquia em oferecer uma narrativa descomplicada que dá valor ao senso de aventura e conhecimento, além do valor da amizade. Você realmente não vai encontrar comandas muito complexas aqui. É uma aventura saudável e descontraída, porém com plots interessantes que mantém o jogador engajado.

A trama também tem como destaque reunir o elenco de personagens introduzidos nos dois primeiros jogos, jogando-os em cena em momentos pontuais da história para que não seja uma reunião forçada demais. Quanto aos novos personagens, eles são o maior destaque aqui, com seus respectivos arcos de história e continuidade de desenvolvimento mesmo após ingressarem na party.

A quantidade de personagens de história que aparecem também ajuda no fator de Slice of Life do jogo, aqui chamado de Character Quest, o que não quer dizer que são quests em si, são apenas os clássicos events, embora algumas Character Quest’s de fato sejam quests para realizar. Estas Character Quest’s no entanto, normalmente são mais centradas na party do que com NPCs de história.

Elas não são ruins. Quero dizer, é melhor do que os events pobres de Atelier Ryza 1. Mesmo assim, é um pouco desapontante ver que Atelier Ryza 3 ainda não trouxe seus events a todo seu potencial como foi em Atelier Sophie 2 ~The Achemist of the Mysterious Dream~.

Enquanto a história em si, bem, apesar do início precoce demais, as coisas esfriam logo em seguida para trabalhar melhor os elementos narrativos pouco a pouco. O escopo do jogo também se dá ao luxo de trabalhar as coisas de forma minuciosa, com bastante alternância entre cenários já que o mundo extenso do jogo permite isso. E por falar de mundo extenso…

É realmente imenso!

O mundo explorável expandido é um dos grandes destaques de Atelier Ryza 3. Diferentemente dos dois últimos jogos, aqui vemos algo ainda mais ambicioso que nos dá uma real sensação de imensidão, trazendo áreas vastas de biomas variados e telas de loading inexistentes quando transecionamos entre um cenário e outro. E não, ele não é um jogo Open-World. Contudo, ao meu ver é um grande salto para franquia Atelier, que vem flertando com a ideia de mapas abertos desde 2016 com Atelier Firis.

Para além da Kurken Island, as novas áreas do jogo, Cleria e Nemed, se destacam por oferecer cenários variados e rico em detalhes em sua maioria, além de uma liberdade maior de exploração usando as ferramentas de aventureiro que Ryza possui para maior versatilidade. Para se ter noção, até Ryza está mais rápida na movimentação para que a viagem a pé não seja desgastante, embora você ainda tenha a opção de montarias.

Os mapas são realmente enormes. Junzo Hosoi, o diretor da franquia Atelier, não estava brincando quando disse que o mundo explorável seria seis vezes maior que o do primeiro jogo. A ideia aqui é que você explore sem estar ciente de onde realmente precisa ir, para passar ao jogador uma sensação de descoberta. O mapa mundi bloqueia sua visão com nuvens, embora você possa dispersa-las para poder se situar indo em Landmark’s e ativá-los com sua chave para ter acesso ao fast travel.

Eu já disse que os cenários de exploração são realmente grandes se comparado com Atelier Ryza 2, que já trazia cenários visivelmente maiores em contraste com seu antecessor. Mas não pense que são mapas vazios com alguns monstros perambulando. Claro, ele não chega a ser um The Legend of Zelda: Breath of the Wild ou qualquer outro jogo que com mapas abertos e interativos. Mas dentro do contexto da série Atelier, explorar os vastos campos para encontrar novos materiais para o Synthesis tornou o ato de coletar menos monótono.

Para melhor aproveitamento da exploração, e também para instigar o jogador à se aventurar pelas regiões, somos introduzidos às Random Quests, que como o nome sugere, são quests que aparecem repentinamente, geralmente pedindo pra que você vá a certos pontos do mapa para derrotar monstros ou coletar alguma coisa para um NPC. Estas Random Quests ocorrem a todo momento e são cronometradas, por isso é fácil você desfocar das tarefas principais para focar nelas.

Entre outras atividades do overworld, você pode arriscar uma batalha com um Boss local ou super Boss. Existem alguns recipientes espalhados pelo mapa que só podem ser abertos usando as chaves. É até possível criar branchs de Ateliê! No geral, dentro da proposta que Atelier oferece, o mundo de Atelier Ryza 3 é, sem sombra de dúvidas, bem feito, com cenários vibrantes e atividades que incentivam à exploração. A Gust não seria louca de largar isto de mão na próxima entrada, pois vejo isso como uma evolução necessária na franquia, que corrige principalmente as atividades de gathering dos jogos.

Synthesis aprimorado com o uso das chaves

O sistema de Synthesis, a nossa mecânica de crafting, não obteve grandes mudanças para além de sua interface, exceto pela adição do uso das chaves secretas. Porém, antes de comentar sobre os efeitos das chaves misteriosas no Synthesis, irei explicar resumidamente como a mecânica em si funciona, apenas mantendo a trivialidade das minhas análises de Atelier.

Para começo de conversa é preciso saber que o Synthesis é um dos pilares de Atelier – e também o que faz a franquia se destacar entre os JRPGs. Nele criamos dos mais diversos itens, seja para auxiliar na exploração ou progredir na história do jogo. Você também criará seus próprios equipamentos e armas aqui, portanto, até mesmo o Synthesis implica em sua performance em batalha.

Durante o Synthesis, você irá alocar os materiais que coletou pelo overworld nos painéis correspondentes, levando em consideração o elemento daquele material e traits que irá influenciar no resultado final, tanto na qualidade do item criado quanto nos efeitos que ele vai herdar. O jogo induz o jogador muito bem para que ele não tenha grandes dificuldades, embora como é de praxe, novos elementos são adicionados mais a frente para tornar as coisas ainda mais complexas, como por exemplo os famosos Catalizadores.

As chaves misteriosas desempenham um papel complementar à mecânica, afetando o quão bem um item é feito aumentando a qualidade, quantidade ou alterando os loops de material. Em um determinado momento do Synthesis você usará as Chaves Secretas criadas para aprimorar áreas como o Recipe Lv, qualidade final do item, e até mesmo o efeito adicional que ele vai ganhar. Eventualmente, você será induzido a usar o potencial das chaves no Synthesis, então trate de entender os princípios básicos deste meio a partir de sua introdução.

Para finalizar este tópico, a mecânica de Synthesis embora pareça confusa a primeira vista, ela na verdade é mais simples de se lidar do que aparenta. Assim como nos dois jogos de Ryza eu não tive grandes dificuldades mesmo quando ele introduzia mais subelementos. Para se ter noção, a mecânica em vários outros jogos era bem mais complexa, portanto, a ideia da subsérie Secret é, sobretudo, ser acessível em todos os campos.

Ah, não posso esquecer de mencionar que a Skill Tree do Atelier Ryza 2 está mantida aqui. Nela você gasta SP — que são ganhos realizando alquimia ou concluindo quests — para desbloquear novas receitas ou aprimoramentos. Concluir a árvore pode ser um bom incentivo para completionists.

Combate dinâmico de tirar o fôlego

Quanto ao sistema de batalha de Atelier Ryza 3, a ação em tela ocorre em tempo real, onde o jogador apenas escolhe as skills ou ataques básicos para performar quando o círculo de espera se conclui. É basicamente um estilo de combate ATB. É possível alternar o comando entre os três personagens da party em atividade (enquanto a CPU irá manejar os outros), ou trocar entre outros dois da retaguarda por meio do Shift Change.

A cada ataque básico (ou defesa) executado com sucesso, você acumula AP para gasta-los em skills especiais. Você também pode acumular pontos de CC para acessar o Crystal Core no meio do embate — que basicamente é sua bag de itens de support — onde você utiliza os Core Itens, que são bombas de efeitos destrutivos e petiscos que recuperam HP ou alteram Stat.

Além disso, somos introduzidos a outros dois subelementos inéditos. O primeiro é o Order Drive, que são skills ainda mais poderosas que cada personagem da party pode usar ao gastar Order Counts que acumulou usando Orders no combate. Enquanto o segundo está relacionado ao uso da chave misteriosa, que aqui é integrado à gameplay.

Tendo acesso ao Core Crystal em batalha, também existe a opção de você criar chaves ou usar uma chave modificada. Na primeira opção você pode criar uma chave a partir do inimigo em tela, as chances da criação ser bem-sucedida são maiores quando o inimigo está com 80 por cento do HP ou menos. Criando a chave, você pode acessar a aba de Key Modification para usar as chaves que criou em batalha, onde elas concedem efeitos diversos desde cura a aumento de stats.

Se chegou até aqui, provavelmente notou que as chaves agem como uma mecânica complementar quando integrados a outros sistemas de jogo. Fora isso, a Secret Key estará relacionado inteiramente ao plot do jogo. No entanto, no que diz respeito a sua utilidade, elas fazem bem o suficiente para que hajam de forma substancial, portanto, é uma mecânica bem implementada no geral.

No geral, o combate de Atelier Ryza 3 mantém sua identidade apesar das mudanças de layout. Além disso, as chaves e os demais subelementos inéditos revigoram o sistema de batalha e o tornam distinto dos demais da saga Secret para que cada jogo passe uma experiência diferenciada. Ele continua dinâmico, com muita coisa acontecendo na tela. De início pode parecer uma bagunça desnecessária, mas ao se acostumar verá que funciona muito bem.

E o verão chega ao fim…

Atelier Ryza 3: Alchemist of the End & the Secret Key é um adeus digno para Reisalin Stout e seus amigos. Em uma nota pessoal, ele foi uma experiência marcante, ao mesmo tempo vibrante, e porque não intimista? Afinal, vimos esse grupo de amigos desde que eram pirralhos travessos em busca de uma aventura para matar o tédio, e que agora são adultos que, embora andem por caminhos diferentes, mantém um forte laço de amizade. Você sente que realmente participou desta aventura de verão.

Olhando para trás, percebo também que Ryza não foi a única que cresceu durante sua jornada, os próprios jogos deram grandes saltos, com Atelier Ryza 3 atingindo o ápice da subsérie Secret. É um contraste interessante, pois podemos interpretar que cada título acompanhava o desenvolvimento da alquimista.

Colocando o sentimentalismo de lado, para àqueles que não tiveram a chance de jogar a saga desde Ever Darkness & the Secret Hideout, ou para quem está começando por está entrada, Atelier Ryza 3 certamente irá abraça-lo. Ele é a oportunidade perfeita para dar início à franquia, pois é o mais completo dos três da saga Secret e desde que tire um tempo para assistir o Prologue Movie, você poderá degusta-lo sem problemas.

Por fim, Atelier Ryza 3 pode não ser perfeito mas certamente teve muito amor envolvido. Ele traz a tona uma visão otimista para o futuro da série, onde não consigo imaginar a Gust descartando a ideia de mapas abertos que instigam o jogador a realizar atividades triviais como quests e coleta de materiais sem se sentir preguiçoso. Normalmente eu recomendaria qualquer Atelier moderno como porta de entrada, já que defendo que cada título é especial de sua maneira apesar do salto técnico pareça um impedimento. Porém irei me contradizer desta vez, já que Atelier Ryza 3 é tão gostosinho e tão bem elaborado que, francamente, ele se torna uma recomendação muito mais segura para novos fãs.

Prós:

  • Novas regiões expressam a sensação de imensidão, além de deixar o ato de coletar matérias menos desinteressante;
  • Chaves desempenham um papel fundamental, tanto na história quanto nos principais sistemas do jogo;
  • História envolvente e cativante, além de uma conclusão satisfatória;
  • Fator Slice of Life permite uma interação mais intimista e descompromissada para com os personagens, embora aquém do que outros jogos ofereciam.

Contas:

  • Modo portátil compromete o visual dos cenários e alguns detalhes;
  • Legendas pequenas demais.

Nota Final

9,5

Leia também:

Acompanhe Sophie numa história totalmente nova que precede suas notáveis aventuras. Sendo um presente para fãs de longa data, Atelier Sophie 2 ~The Achemist of the Mysterious Dream~ entrega uma excelente e aconchegante experiência.

A saga Mysterious expande a biblioteca de jogos de Atelier no Switch oferecendo três aventuras revisadas, sendo duas delas inéditas na plataforma híbrida.

O post Review | Atelier Ryza 3: Alchemist of the End & the Secret Key apareceu primeiro em NintendoBoy.


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *